A polícia da Bolívia emitiu uma ordem de prisão contra o presidente Evo Morales, que renunciou ao cargo neste domingo (10), após um ultimato das Forças Armadas e da própria polícia. O próprio Morales confirmou a ordem de prisão, denunciada como “ilegal” em post no Twitter, que também confirma que sua casa foi invadida e saqueada na onda de violência que tomou conta do país.
A renúncia é o desfecho de uma grave crise política aberta após a declaração de que Morales havia sido reeleito para o seu quarto mandato consecutivo, resultados que foram contestados por seu opositor, Carlos Mesa, e objeto de auditoria da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Golpe de Estado
O resultado da auditoria externa da OEA apontou indícios de irregularidades e recomendou o não reconhecimento dos resultados que deram a vitória a Morales no primeiro turno.
De imediato, Evo Morales anunciou que convocaria novas eleições. O candidato da oposição, Carlos Mesa, disse que não aceitaria nova eleição com o presidente concorrendo. À tarde, militares e polícia fizeram pronunciamentos “solicitando” a renúncia de Morales.
A ordem de prisão vinha sendo aventada desde então, embora formalmente não haja nem um processo de anulação das eleições, nem um processo criminal contra Morales ou qualquer membro de seu governo.
No início da noite, a presidenta e o vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia foram presos, supostamente por estarem envolvidos com as fraudes eleitorais atestadas pela OEA.
A situação foi denunciada internacionalmente como golpe de Estado. Carlos Mesa negou a hipótese e disse que a oposição garantirá a ordem constitucional.
Escalada de violência
A escalada de violência teve cenas como a da agressão em praça pública de uma prefeita ligada a Evo Morales e incêndios provocados nas casas de dois governadores do MAS e da irmã do presidente.
Ao anunciar sua renúncia, Morales disse que o fazia para evitar que os opositores seguissem cometendo atos de violência contra seus familiares e seus apoiadores.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras