Amazonense Micaelly, atacante da seleção sub-20, enfrenta o Uruguai pela Liga Sul-Americana

Foto: Divulgação
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Há mais de 30 anos, Dona Ercília proibia a filha Marcilene de brincar de bola no interior do Amazonas. A menina devia aprender a cuidar da casa e esquecer essas coisas de menino. Mas Marcilene nunca esqueceu o sonho de ser jogadora de futebol. Agora, projeta o desejo de criança pelos pés da filha Micaelly, de 18 anos, atacante da seleção brasileira sub-20, que joga hoje contra o Uruguai, pela Liga Sul-Americana feminina Sub-19, na Argentina, às 13h30. A categoria retorna após um ano do último jogo oficial.

Se não fosse a persistência de Marcilene dos Santos, de 45 anos, o futebol de dribles de Micaelly, considerada uma das promessas do Brasil, ainda estaria restrito às quadras de futsal do bairro de Santa Luzia, em Autazes.

Com duas filhas jogadoras (Mitaelly, dois anos mais velha), ela apostou na caçula, então com 12 anos, e a inscreveu numa seletiva sub-15 da CBF, em Manaus, sem o seu consentimento.

— A inscrição, se não me engano, era R$ 100. Só tinha dinheiro para inscrever e mandar uma delas para Manaus. Tem que pegar duas lanchas e um ônibus até lá. Ela não queria ir de jeito nenhum — conta a mãe vascaína, que organiza peladas com as amigas na região.

O processo de convencimento da adolescente não foi fácil. Aos prantos, Micaelly viajou para Manaus com o pai, Márcio, que atuou em alguns times da região. Não havia dinheiro para a família toda ir até a capital a cerca de 100 km da cidade.

Lá, pisou pela primeira vez num gramado e, sem saber no momento, convenceu os olheiros com o seu domínio de bola

Choro na separação

A notícia que mudaria a vida de Micaelly chegou por telefone na noite do seu aniversário de 13 anos, no dia 26 de setembro de 2013. Ela havia sido escolhida para a seleção sub-15.

Mãe e filha tiveram de se separar pela primeira vez. Marcilene, ao inscrevê-la, não imaginava que a menina seria convocada. E a viu partir, sozinha, para a seleção. Dali, começou a caminhada de Micaelly no futebol.

— Eu não pensava em ser jogadora. Não queria viajar, ficar longe da minha família. Fui por causa da minha mãe — diz Micaelly, que abraçou o sonho da mãe. — Eles (os pais) me ensinaram a pensar grande. Quero jogar fora do país, na seleção principal…

Em pouco tempo, a saída de casa foi inevitável. Foi contratada pelo Iranduba, de Manaus; seguiu para o Sport; e hoje está no Cruzeiro, que subiu para a elite. Já disputou um mundial de base; e treinou com Marta no principal. Ficou fora do Mundial Sub-20 ano passado, mas aprendeu com a mãe a não desistir.

Brasil x Uruguai

Sobre o comando do técnico Jonas Urias, a seleção brasileira de futebol feminino sub-20 entra em campo nesta segunda-feira (16) pela Liga Sul-Americana, em busca da vitória. O time Canarinho joga com um certo favoritismo contra a equipe uruguaia.

Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras

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