Manter conta corrente e cartão de crédito em um banco requer do cliente o pagamento de tarifa de manutenção, que varia de acordo com o pacote de serviços escolhido. Na somatória das taxas, o valor pode representar um custo salgado para os consumidores. Segundo um levantamento feito pelo Guiabolso, aplicativo de gestão financeira e curadoria de produtos, o brasileiro gastou, em média, mais que R$ 700 com essas taxas em 2019. Especialistas dizem que o valor pode ser evitado, caso os clientes saibam realmente pelo que estão pagando e se usam todos os serviços.
Em média, a pesquisa indica que as pessoas pagaram R$375,97 para manter a conta corrente ativa, o que dá um valor mensal de pouco mais de R$ 31. Já com a anuidade do cartão de crédito, a despesa média dos consumidores ficou em R$ 339,34 por ano, R$ 159,38 com transferências bancárias (TED ou DOC), R$ 34,92 com tarifas de saque e R$ 6 com extratos.
De acordo com a educadora financeira Raffaela Fahel, a maioria das pessoas não tem clareza do que consta no pacote de serviços da conta corrente e do cartão de crédito e, ainda, afirma que dificilmente os clientes usem todos os serviços pelos quais pagam.
“Não existe essa tradição do cliente olhar passo a passo o que assume como gasto na tarifa de manutenção. Ele pode estar pagando por muita coisa que não usa. Assim, acaba sendo gasto totalmente desnecessário”, afirma Raffaela.
Para quem não utiliza quase nenhum serviço, o correntista não é obrigado a pagar a cesta da instituição financeira. O Banco Central exige um pacote básico a custo zero mesmo nos bancos físicos.
“Entre o que é fornecido nessa opção estão cartão de débito, segunda via do cartão, quatro saques no caixa ou autoatendimento, duas transferências entre a mesma instituição, dois extratos e consultas ilimitados”, explica a educadora financeira.
A partir do quinto saque, passa a ser cobrado e, assim, cabe o cliente escolher o pacote que o atende.
“Para quem usa muito, a saída é mesmo a cesta bancária, pois o serviço individualmente acaba pesando mais no bolso. Outra dica que posso dar é o cliente tirar cinco minutos do dia para olhar a conta e ver as movimentações”, finaliza.
Cliente deve avaliar a frequência que usa os serviços
Para Lucas Rego, gerente de pesquisas do Guiabolso, há opção do cliente cortar gastos nos serviços oferecidos. “O ideal é o cliente levar em conta a frequência com que usa cada serviço e os benefícios. Em todo caso, ele pode diminuir o valor de transações na conta corrente e no cartão de crédito ele pode cortar alguns benefícios”, explica.
Confira no quadro acima o que cada banco oferece no pacote básico para conta corrente e para o cartão de crédito.
Também há a possibilidade do cliente tentar negociar com a instituição financeira. “Existe a questão do relacionamento do banco com a pessoa. Ele pode tentar fazer um acordo e ver se há possibilidade para isso”, indica Rego.
Porém, o diretor de produto e tecnologia do Guiabolso, Julio Duram, explica que antes de cancelar os serviços, o cliente deve se atentar para vantagens que podem ser oferecidas. Às vezes, a pessoa paga, mas é recompensada com outras vantagens como cash back, pontos ou milhas de viagem”, diz Duram.
Mas, para as pessoas que querem cortar qualquer tipo de gasto com pacote de serviços, Duram lembra que existem outros bancos. “É bacana avaliar outras opções, inclusive as oferecidas por fintechs e bancos digitais, que costumam ser mais baratas”, recomenda.
Entre os bancos digitais procurados pelo O DIA, o Inter, Neon, Nubank e BS2 não cobram tarifa e nem anuidade.
O diretor do Guiabolso ainda destaca a economia que pode ser conseguida ao deixar de pagar mensalmente pela manutenção da conta e cartão de crédito. “Só nesses dois serviços, já seriam R$ 715, um valor considerável. As pessoas ficam felizes quando saem notícias do saque do FGTs, por exemplo, mas sempre vale lembrar que elas podem ‘ganhar’ dinheiro fazendo algumas trocas”, afirma.
Para a pesquisa, o Guiabolso analisou os gastos de mais de 151 mil usuários de todas as regiões do país.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras