Sérgio Moro presta depoimento sobre acusações contra Bolsonaro

Foto: Divulgação
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O ex-ministro Sérgio Moro prestou depoimento ontem (2) na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para apurar tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação.

A investigação foi instaurada pelo decano do STF, ministro Celso de Mello, após as acusações do ex-juiz da Lava Jato em seu anuncio de demissão, na semana passada. O depoimento foi colhido em meio a um clima de tensão. Moro chegou à PF na capital paranaense por volta de 13 horas. Antes, pela manhã, Bolsonaro chamou seu ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública de “Judas” – o presidente divulgou vídeo nas redes sociais em que uma pessoa não identificada diz ter ouvido vozes de outras pessoas que falariam com Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado a faca contra o então candidato presidencial em 2018 (inquérito da PF concluiu que o esfaqueador agiu sozinho).

Ainda pela manhã, ao deixar o Palácio do Alvorada, o presidente evitou a imprensa, mas disse a apoiadores que não será alvo de nenhum “golpe” em seu governo. “Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição. Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não”, afirmou.

Durante o depoimento de Moro, grupos de manifestantes pró-governo e a favor do ex-ministro se concentraram na entrada do prédio da PF. Dezenas de bolsonaristas chamaram o ex-ministro de “rato” e “Judas” – a mesma comparação utilizada por Bolsonaro nas redes sociais. Um outro grupo levou faixas de apoio ao ex-ministro e à Operação Lava Jato.

Moro acusou Bolsonaro de decidir trocar o comando da PF para obter informações e relatórios sigilosos de investigações. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de “fake news” e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília.

A troca de comando na PF foi barrada por liminar do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que viu indícios de desvio de poder na nomeação de Alexandre Ramagem, diretor da Abin, para a chefia da corporação. Ramagem é próximo de Bolsonaro e amigo dos filhos do presidente. A indicação foi anulada pelo Planalto e o presidente ainda estuda recursos

Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras

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