Túnel do tempo: Brasil e Espanha na Copa do Mundo de 1978

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Desde 1928, a Argentina havia acalentado a chance de sediar uma Copa do Mundo – a ideia de realiza-lo surgiu após a disputa do futebol na Olimpíada de Amsterdã, vencida pelos uruguaios. Por causa do resultado da final olímpica, a Argentina viu o vizinho-rival receber o torneio, e ainda por cima viu a Celeste Olímpica derrotar a própria Argentina na decisão do título.

A partir daí o sonho de sediar um Mundial tornou-se quase uma obsessão. No dia 6 de julho de 1966, a Fifa se rendeu à vontade portenha. Em um congresso realizado em Londres, pouco antes da Copa do Mundo da Inglaterra, a entidade confirmou a Argentina como país-sede do Mundial de 1978. Na mesma reunião, anunciou que a Copa de 1986 seria no México – a Espanha já estava confirmada como sede para 1982.

Tudo pronto para a Argentina, a preparação do time nacional para a Copa do Mundo de 1978 começou em março, com amistosos no Brasil, e prosseguiu com uma nova excursão da Seleção pela Ásia e Europa. Coutinho logo se tornou o centro das atenções, incorporando novas palavras ao vocabulário da bola, tipo “overlapping” e “ponto futuro”, defendendo o futebol que chamava de polivalente, próximo ao modelo que Alemanha Ocidental, Holanda e Polônia haviam apresentado no Mundial de 1974.

Sobre o comando do técnico Cláudio Coutinho, a seleção brasileira de 1978 era composta em sua maior parte por uma nova geração de craques, como Zico, Toninho Cerezo, Batista, Roberto Dinamite, Reinaldo, Edinho, Oscar e Amaral, que se somavam a Nelinho, Dirceu, Rivelino e os goleiros Leão e Waldir Peres, que já haviam disputados Copas anteriores.

O Brasil estreou na Copa do Mundo empatando em 1 a 1 com a Suécia, enfrentando o péssimo estado do campo de Mar del Plata. A estreia do Brasil foi cercada de expectativas e ficou marcado quando no finalzinho do jogo, Nelinho cobrou o escanteio e Zico, antecipando-se no primeiro pau, desviou para as redes. O árbitro Clive Thomas anulou dizendo que havia apitado o fim do jogo com a bola ainda no ar.

Por causa da criticada estreia e de más atuações das partidas anteriores, o trabalho do técnico Cláudio Coutinho viria a sofrer interferência dos cartolas. O almirante Heleno Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), presidente da Arena (partido do governo militar na época) e chefe da delegação brasileira, criou um comitê de cinco homens para vetar determinados jogadores na escalação do time canarinho, como Reinaldo, Edinho e Zico.

Por causa da péssima estreia, correram boatos de que o técnico brasileiro seria demitido. Mas eram só boatos. O treinador estava no banco. Sem Rivelino machucado, Coutinho escalou o ponta Dirceu no meio-campo, manteve Zico na ponta-esquerda e colocou o lateral Toninho como ponta-direita. Com apenas Reinaldo de atacante efetivo, a equipe pouco produziu e não saiu do 0 a 0 contra a Espanha.

Contra a Espanha, o Brasil jogou com Leão, Nelinho (Gil), Oscar Amaral, Edinho, Toninho Cerezo, Batista, Zico (Jorge Mendonça), Toninho, Reinaldo e Dirceu. A primeira vitória brasileira na Copa de 78 veio na partida seguinte, 1 a 0 sobre a Áustria, gol do atacante Roberto Dinamite.

Entre várias curiosidades da Copa do Mundo de 1978, o goleiro brasileiro Leão cravou o recorde de minutos invictos durante uma Copa, mesmo tendo levado um gol no primeiro jogo. Ele foi vazado aos 38 minutos do primeiro tempo diante da Suécia e só buscou outra bola nas redes quatro partidas depois, aos 45 minutos diante da Polônia. Somou 458 minutos e bateu na época a marca estabelecida pelo inglês Banks em 1966 (422 minutos). Já o alemão Sepp Maier bateu o recorde de minutos seguidos de uma Copa para outra (1974 e 1978).

Reportagem: Willian D’Ângelo (Portal Amazônia sem Fronteiras)

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