Com o decreto municipal que proibiu a realização de competições esportivas (mesmo que sem público) até quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ganhou um prazo maior para buscar uma solução para o impasse em torno da volta dos jogos do Campeonato Carioca. A mediadora Juliana Loss tentou, então, fazer com que os clubes e a Federação de Futebol (Ferj) entrassem num acordo, mas não houve nenhum avanço. Diante da indisposição das partes em ceder, o presidente do órgão Paulo César Salomão irá emitir sua decisão nesta terça.
No Botafogo e no Fluminense, que pedem para jogar suas partidas em julho, o clima é de otimismo. A dupla acredita que o magistrado foi convencido de que seu pleito precisa ser atendido. Até agora, no entanto, Salomão não deu nenhuma declaração que indique qual será sua decisão.
Havia a expectativa de que o magistrado desse seu parecer na segunda-feira. Mas ele quer ter acesso ao termo final da mediação, que só será entregue nesta terça.
Enquanto a situação não se resolve na esfera desportiva, a Vigilância Sanitária fará nesta terça a inspeção nos centros de treinamento dos clubes da capital que participam do torneio. Vale lembrar que o decreto assinado pelo prefeito Marcelo Crivella no último sábado exige a fiscalização para liberar a realização dos jogos.
Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Madureira, Bangu e Portuguesa serão inspecionados. Os clubes participantes de fora da capital deverão apresentar relatório da Vigilância Sanitária de seus municípios para poder jogar. São os casos de Resende, Volta Redonda, Boavista, Cabofriense e Macaé.
— São sete CTs no município onde temos equipes de diversos segmentos: saúde, alimentos, engenharia sanitária e ambientes coletivos. Essas equipes estarão fiscalizando dentro da sua especialidade e verificando se o protocolo municipal está sendo cumprido. Então é importante informar os clubes, a própria Ferj, para terem o conhecimento dessa legislação, dessa norma — afirmou a subsecretária de Vigilância Sanitária Márcia Rolim.
— Faremos numa forma de orientação. Muitas vezes até a parte de fisioterapia ou médica tem várias dúvidas, a respeito de como lidar com resíduos, o tratamento de água e ar, então nossas equipes vão estar presentes para verificar o cumprimento e tirar as dúvidas.
Túnel vetado
Um dos pontos de desencontro entre os protocolos adotados pelos clubes e as determinações da prefeitura é a utilização dos túneis de desinfecção nos CTs. Márcia Rolim afirmou que o equipamento não é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— É considerado ineficaz e pode causar danos à saúde. O município não considera o uso de túneis de desinfecção — disse.
A Vigilância Sanitária anunciou também uma reunião com a Ferj, com o objetivo de alinhar o protocolo “Jogo Seguro”, elaborado para a volta do Estadual, com as diretrizes das autoridades de saúde. Inicialmente, foi divulgado que o encontro ocorreria na própria segunda-feira. Mas, à noite, a Vigilância Sanitária informou que ele não foi realizado. O órgão dedicou o dia a instruir os técnicos que farão as inspeções nesta terça.
Também procurada, a Ferj disse apenas que “está à disposição da Prefeitura”. A entidade não fala abertamente, mas vê com desconfiança a ação de Crivella. Entre os personagens da discussão em torno da volta do futebol, os maiores beneficiados com o decreto do prefeito foram Botafogo e Fluminense. Na última quarta, após reunião com os clubes, ele já havia saído em defesa da dupla.
Obrigada a recuar, a Ferj ainda não divulgou as novas datas dos jogos que encerram a fase de classificação da Taça Rio. Diante de tantas definições adiadas, deve aguardar as resoluções tanto do STJD quanto da Vigilância Sanitária para divulgar o novo calendário. A única partida anunciada ontem foi Americano x America, pelo Grupo Z do torneio. O confronto que pode definir o rebaixamento foi confirmado para o próximo sábado, às 15h, em Campos.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras