O ex-cirurgião Joël Le Scouarnec, de 70 anos, foi condenado a 15 anos de prisão na França, nesta quinta-feira, dia 3, por abuso sexual contra vítimas menores de idade à época dos crimes. Segundo a agência de notícias “AFP”, o aposentado de 68 anos abusou sexualmente de 349 crianças ao longo de sua carreira de quase 30 anos, no que pode ser o maior caso de pedofilia da história da França.
As alegações contra ele cobrem as três décadas em que atuou em hospitais, incluindo abusos contra uma sobrinha e uma paciente nos anos 1990, em Loches, em Indre-et-Loire. No mesmo período, cometeu estupro contra outra de suas sobrinhas e uma menina que morava no mesmo bairro, em Jonzac, Charente-Maritime. A denúncia desta última foi o que permitiu que o autor fosse preso em maio de 2017.
Os investigadores descobriram diários secretos nos quais Le Scouarnec descreveu cenas envolvendo um grande número de crianças. As crianças foram identificadas, permitindo que a polícia as rastreasse para obter seu depoimento, levando a acusações adicionais.
O jornal francês “Le Monde” informou que, inicialmente, Scouarnec admitia a agressão sexual, mas negava o crime mais grave. Mais tarde, porém, acabou confessando-os, incluindo três casos da década de 1980 que já estão prescritos, e os estupros contra suas sobrinhas, atualmente com 30 e 35 anos.
Presidente do tribunal na comuna de Saintes, no departamento Charente-Maritime, Isabelle Fachaux justificou o julgamento observando que “apesar de sua condenação” em 2005 por ver imagens de pedofilia, “Joël Le Scouarnec deu continuidade às suas ações, o que suscita temores de uma reiteração dos fatos” e “necessita de uma sentença de prisão significativa”. O condenado tem dez dias para apelar.
“Não estou pedindo indulgência do tribunal”, disse ele, antes que o tribunal e o júri se retirassem para deliberar. “Não peço perdão ou compaixão (…) apenas o direito de voltar a ser um homem melhor”, afirmou o réu, segundo relatos de advogados envolvidos no caso, cujo julgamento começou na segunda-feira, dia 30.
A defesa, representada por Thibaut Kurzawa, explicou que o ex-cirurgião “sabe que o que fez é imperdoável”, não tornando necessário fazer um pedido de desculpas, embora tenha “arrependimentos”.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras