A Semana Chico Mendes valoriza saberes de populações tradicionais em prol da proteção da Amazônia, e tem como objetivo homenagear o legado de um dos principais nomes na luta pela conservação da Amazônia
Os saberes tradicionais e as práticas culturais de populações tradicionais da Amazônia profunda são fundamentais para a manutenção equilibrada do ecossistema e da floresta em pé. Com o objetivo de visualizá-las e valorizá-las, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) promoveu a oficina “Construção do Alfabeto Regionalizado”, nesta segunda-feira, 16 de dezembro, durante a programação da Semana Chico Mendes, em Xapuri (a 175 quilômetros de Rio Branco), no Acre.
A oficina teve como inspiração o livro “Bases do Aprendizado para a Alfabetização”, um alfabeto cujas letras remetem a frutos, fauna, culinária e outros elementos da cultura ribeirinha amazônica. O material dinâmico e criativo traz, por exemplo, conteúdos como a letra “A” que faz menção ao açaí, enquanto o “B”, de boto, e o “C” de canoa.
O material é fruto do projeto “Práticas Pedagógicas Inovadoras para a melhoria do Ensino Fundamental e Médio na Amazônia profunda”, lançado em 2023 pela FAS, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Movimento Bem Maior (MBM). A proposta visa fortalecer a formação continuada de educadores em redes municipais do interior do Amazonas até 2025, além de contemplar a elaboração de materiais pedagógicos, projetos complementares, cooperação técnica com dois estados (Pará e Acre) e cursos de pós-graduação.
Silvana Souza, supervisora do projeto, destaca a importância da valorização das práticas culturais e tradicionais que as populações ribeirinhas têm com a natureza.
“A Semana Chico Mendes é uma excelente oportunidade para as populações ribeirinhas mostrarem a importância de sua presença na proteção da Amazônia e na luta contra o desmatamento, e as mudanças climáticas. Ao participar, a FAS pode contribuir para uma educação não só das comunidades locais, mas também do público em geral sobre a relevância da preservação dos rios, das florestas e da biodiversidade, [que são] essenciais para a vida das populações ribeirinhas”, explica Souza, responsável pela ministração da oficina.
Na avaliação da supervisora, o evento também facilita a troca de experiências e conhecimentos entre diferentes populações tradicionais da Amazônia, além de grupos que atuam pela conservação ambiental.
“Através das oficinas e materiais regionalizados, que foram utilizados nas atividades [da oficina], foi realizada uma troca de saberes que é fundamental para o fortalecimento das estratégias de conservação e para a implementação de soluções sustentáveis que considerem as realidades locais. Assim, a participação da educação ribeirinha da FAS na Semana Chico Mendes é um ato de valorização da cultura local, de defesa ambiental e de luta por justiça social, além de ser uma maneira de dar continuidade ao legado de Chico Mendes de forma prática e educativa”, finaliza Souza.
Oficinas
As oficinas gratuitas da “Semana Chico Mendes 2024” seguem neste sábado, dia 21 de dezembro. Elas serão realizadas na Usina de Arte João Donato, localizada na Rua das Acácias, nº 1.155, no Distrito Industrial – Rio Branco, abordando temas que envolvem criatividade, cultura e sustentabilidade. A expectativa é que cerca de 25 pessoas participem de cada uma.
A primeira será, às 9h, com o tema “Biojoias Ribeirinhas: Conectando Natureza e Cultura” será realizada por Silvana Souza, supervisora do projeto “Práticas Pedagógicas Inovadoras para a melhoria do Ensino Fundamental e Médio na Amazônia profunda”.
Além de ensinar técnicas de criação de biojoias utilizando materiais da natureza, o momento visa somar para a valorização dos saberes tradicionais, as práticas culturais e o modo de vida dos ribeirinhos.
Em seguida, às 11h, jovens, adultos e lideranças comunitárias acompanham “Construção do Alfabeto Regionalizado”. A abordagem será feita por Paola Rodrigues, consultora técnica do projeto “Práticas Pedagógicas Inovadoras para a melhoria do Ensino Fundamental e Médio na Amazônia profunda”, da FAS.
A proposta se centra em capacitar os participantes para conhecer os alfabetos regionalizados, que incorporam elementos da fauna, flora e cultura amazônica a fim de incentivar uma educação infantil contextualizada.
Pela tarde, às 14h, a programação segue com a oficina “Biodiversidade: Pegadas do Hoje e do Amanhã”, cuja ministração será de Enoque Ventura, supervisor de projetos da Educação Ribeirinha na FAS.
O momento vai reunir jovens, adultos e lideranças comunitárias para instigar reflexões sobre biodiversidade e práticas para fortalecer a conservação ambiental em comunidades tradicionais, levando em conta os contextos econômico e socioambiental.
Mais sobre a Semana Chico Mendes 2024
Realizado nos municípios de Rio Branco e Xapuri, ambos no Acre, o evento homenageia o legado de um dos principais nomes na luta pela conservação da Amazônia, bem como pelos direitos das populações tradicionais. Assassinado em sua casa, em Xapuri, na noite de 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes completaria 80 anos neste mês de dezembro.
Em 2024, a Semana Chico Mendes é promovida pelo Comitê Chico Mendes, com apoio da WWF, Fundação Heinrich Böll Stiftung, Estúdio Escarlate, Veja, Hivos, Universidade Federal do Acre (UFAC), Fundação Banco do Brasil e Prefeitura Municipal de Xapuri.
Fonte: UP Comunicação
Foto: divulgação / UP Comunicação