A perda do título na Copa do Mundo de 1982 causou um sentimento estranho e inédito no torcedor Canarinho. Um misto de injustiça e senso de dever comprido. O Brasil sabia que tinha apresentado o futebol mais vistoso. Portanto, com ou sem título, sabia que estava no caminho certo. Só que esse caminho seria trilhado sem o técnico Telê Santana, que se despediu dirigindo a seleção contra um combinado de jogadores do futebol gaúcho.
Com a seleção tendo dois anos seguidos de mau desempenho sobre o comando de Parreira, Edu Coimbra e Evaristo Macedo, a CBF resolveu se dobrar à vontade da torcida brasileira e convidou Telê Santana para ser o técnico, já de olho nas Eliminatórias para a Copa de 1986, no México. Telê não queria voltar ao cargo, mas ele mesmo não resistiu à pressão popular.
Um dos motivos que fez Telê voltar ao cargo foi a sensação de injustiça com a perda do título de 1982. Assim, ele criou uma espécie de pacto de justiça com os jogadores que estiveram na Copa da Espanha. Dessa forma, o time-base idealizado pelo treinador teria os veteranos de 1982 e mudanças no ataque. A principio, o time seria formado por Carlos, Leandro, Oscar, Edinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Renato Gaúcho e Casagrande. Os pontas Éder e Dirceu também estariam no grupo, com chances de serem titulares.
Mas, quando reencontrou a equipe para os treinos visando à Copa, Telê se deparou com um cenário longe do ideal. A maioria dos veteranos já passava dos 30 anos e não eram mais os mesmos. Para piorar Zico, Falcão e Sócrates estavam machucados. Na relação dos convocados, nenhuma ausência chamou mais atenção que a de Renato Gaúcho, do Grêmio. Nome certo nas convocações, acabou cortado por motivos disciplinares.
A participação brasileira na Copa do Mundo de 1986 foi muito tumultuada muito antes de a bola rolar no México. O fim do mandato de Giulite Coutinho na presidência da CBF deixou os dirigentes mais preocupados com a disputa eleitoral do que com a preparação da seleção.

Na primeira partida, contra a Espanha no estádio Jalisco, em Guadalajara, o Brasil venceu a Espanha por 1 a 0, gol de Sócrates, aos 16 minutos do segundo tempo. Na segunda partida, com gol do atacante Careca, o Brasil venceu a Argélia, também por 1 a 0. No terceiro compromisso, o Brasil venceu a Irlanda do Norte por 3 a 0, gols de Josimar e Careca (2).
Pela oitavas-de-final, o time de Telê Santana goleou a Polônia por 4 a 0, gols de Sócrates, Josimar, Edinho e Careca. Na quartas-de-final, o Brasil empatou com a França em 1 a 1, caindo nos pênaltis por 4 a 3. O goleiro francês Bats, herói do jogo com o Brasil, tinha uma vitória particular nos gramados do México, onde quatro anos antes, lutou contra um câncer nos testículos. O título ficou com a Argentina, que venceu a Alemanha por 3 a 2.
Reportagem: Willian D’Ângelo