Radiação mortal do cosmos, potencial perda de visão e ossos atrofiados são apenas alguns dos desafios que os cientistas devem superar antes de que qualquer futuro astronauta possa pisar em Marte, disseram especialistas e autoridades da Nasa nesta terça-feira.
A agência espacial dos EUA acredita que pode colocar humanos no Planeta Vermelho dentro de 25 anos, mas os obstáculos tecnológicos e médicos são imensos.
“O custo de resolver isso significa que sob orçamentos atuais, ou orçamentos ligeiramente expandidos, serão necessários cerca de 25 anos para resolvê-los”, disse o ex-astronauta da Nasa Tom Jones, que voou em quatro missões do ônibus espacial antes de se aposentar, em 2001.
“Precisamos começar agora em certas tecnologias-chave”, afirmou a repórteres em Washington. A uma distância média de cerca de 225 milhões de quilômetros, Marte apresenta problemas científicos numa ordem de magnitude maior do que qualquer coisa encontrada pelas missões lunares Apollo.
Com a tecnologia de foguetes de hoje, um astronauta levaria até nove meses para chegar a Marte, e as consequências físicas de passar todo esse tempo em gravidade zero seriam enormes.
Por exemplo, os cientistas acreditam que a ausência prolongada de peso pode causar alterações irreversíveis nos vasos sanguíneos da retina, levando à degradação da visão. E depois de um tempo em gravidade zero, o esqueleto começa a perder cálcio e massa óssea.
Os cientistas ainda não conhecem os efeitos de uma suposta missão de um ano na superfície de Marte, cuja gravidade é apenas um terço a da Terra. Uma forma de diminuir o desgaste do corpo humano é reduzir drasticamente o tempo de viagem até Marte.
Jones pediu sistemas de propulsão nuclear que teriam o benefício adicional de produzir eletricidade em voos. “Se começarmos agora, em 25 anos talvez tenhamos essas tecnologias disponíveis para nos ajudar e nos proteger desses longos tempos de trânsito”, disse.
Nas condições atuais, apenas uma viagem de ida a Marte demoraria tanto que qualquer astronauta receberia a mesma quantidade de radiação do que normalmente seria considerado seguro ao longo de toda uma carreira.
“Ainda não temos a solução em termos de escudo, em termos de proteção contra raios cósmicos e explosões solares que você experimenta durante esse tempo de trânsito”, disse Jones.
Especialistas do setor aeroespacial identificaram várias tecnologias que precisam de desenvolvimento rápido, incluindo naves espaciais que podem sobreviver à entrada dura em Marte e aterrissar de forma suficientemente suave, bem como a capacidade de tirar pessoas da superfície e voltar para a Terra.
A Nasa atualmente tem um novo aterrissador robótico chamado InSight, que se aproxima de Marte e deve pousar no planeta em 26 de novembro, depois de decolar da Califórnia em 5 de maio.
O projeto de US$ 993 milhões visa expandir o conhecimento humano das condições interiores em Marte, informar os esforços para enviar exploradores para lá e revelar como planetas rochosos como a Terra se formaram há bilhões de anos.
Jim Garvin, cientista chefe do Centro de Voo Espacial Goddard da Nasa, disse que a missão InSight preencheria “incógnitas críticas” e ajudaria a construir uma compreensão-chave de Marte.
Em 2020, a Nasa enviará um rover a Marte em outra missão, que buscará determinar a habitabilidade do ambiente marciano, procurar sinais de vida antiga e avaliar os recursos naturais e os perigos para futuros exploradores humanos.
Além disso, empresas privadas como a SpaceX e uma série de outras nações estão construindo tecnologias que poderiam ser usadas em futuras missões a Marte.
Alguns especialistas veem uma nova exploração da Lua como essencial para uma futura missão em Marte, já que lá os astronautas poderiam aprender a extrair água ou usar a tecnologia e aplicar essas lições às futuras missões a Marte.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras