Com 152 hectares, o Parque Nacional da Chapada Diamantina é acessível por terra a partir de Salvador ou Vitória da Conquista e espalha-se pelos municípios de Lençóis, Andaraí, Mucugê, Ibicoara e Palmeiras . Também invade o minúsculo distrito serrano de Xique-Xique do Igatu .
A principal cidade é Lençóis, repleta de casas coloniais do século 19 e ponto de partida para a maioria dos passeios. É onde os viajantes exigentes encontram hotéis charmosos, que mimam seus hóspedes com internet sem fio e carta de vinhos. É caso do Portal Lençóis, um dos mais refinados. Ele compete com a pousada Villa Lagoa das Cores, no Vale do Capão, que partiu para um lado zen. Ela oferece um spa holístico com massagens, banhos de ofurô e tratamentos à base de ervas colhidas diretamente de um herbário próprio.
Aos que buscam uma opção econômica, há alternativas como a Pousada Bosque do Lapão, que serve um apetitoso café colonial com pratos típicos do sertão baiano.
Aliás, se entre um passeio e outro você quiser provar a culinária regional, vale ir à vila de Mucugê, onde o restaurante Dona Nena é a pedida. E não pense que aqui só existe vatapá e bobó de camarão. O estilo slow travel internacional transparece, por exemplo, no restaurante Cozinha Aberta Etnia, com pratos que misturam as culinárias tailandesa, indiana e a marroquina. Tudo feito na hora pela chef Deborah Doitshinoff e servido em apenas cinco mesas do pequeno espaço cheio de estilo.
Agora que você já sabe onde dormir e comer bem, vamos à atração principal. O forte na Chapada Diamantina são as trilhas, normalmente entre Lençóis e uma das outras localidades menores. Além dessas caminhadas mais longas, também existem aquelas para quem pretende gastar somente um dia na estrada. A Cachoeira da Fumaça e a Cachoeira do Sossego são bons exemplos. Acessíveis após três horas a pé, possuem aspectos únicos.
A Fumaça é uma das maiores quedas-d’água do país, com 380 metros de altura. Já a Cachoeira do Sossego (um pouco mais difícil de alcançar) revela a seus pés um poço de águas cristalinas (e geladas!), onde mergulhar é uma tentação.
Há ainda vários outros passeios de um dia, como o que leva à Cachoeira do Buracão , indicada para a prática de rapel. Ou para o Rio Mucugezinho, com seus poços e tobogãs naturais. E que tal o Povoado do Remanso, uma vila remanescente de ex-escravos de onde é possível sair para um passeio de barco com guias locais. Sem contar a Cachoeira do Mosquito , localizada em um sítio privado que não apenas permite a entrada de turistas como também serve deliciosos pratos regionais a eles.
Como dá para perceber, variedade é o que não falta. Ainda assim, há passeios que são unanimidade. Vide a caminhada pelo Vale do Pati . Trata-se de uma das mais longas e belas. O roteiro dura em média cinco dias, passando por cerca de 80 quilômetros. O turista se defronta com uma paisagem formada por paredões de rocha colorida e dorme em casas de moradores, famosos por receber com gentileza e boa conversa.
Existem igualmente rotas alternativas para a Cachoeira da Fumaça e da Fumacinha, que demandam dois e três dias, respectivamente. Quem quiser conhecer outras vilas a pé pode percorrer, por exemplo, o caminho que vai de Lençóis a Andaraí , passando por Caeté-Açu ou rumar para Capão , andando por 25 quilômetros. Pode parecer sacrificado, mas, no caminho, você para e toma deliciosos banhos nos poços de águas limpinhas e agradáveis.
Por fim, o Morro do Pai Inácio oferece quatro diferentes trilhas (inclusive para quem curte bicicleta) em direção o seu cume, a 1.120 metros de altitude. É a “cereja” do bolo na chapada, o passeio mais recompensador, graças ao visual lá do alto.
Achou que é trekking demais? Relaxe. A Chapada Diamantina não é só subida e descida. Dá para visitar pontos turísticos sem grande esforço, como o cemitério bizantino em Mucugê. Ele é coalhado de igrejinhas e capelas góticas pintadas de branco, iluminadas durante a noite.
Quer mais expressões culturais? Em Andaraí, a Galeria de Arte e Memória de Igatu abriga obras de artistas locais – muitas delas à venda. Também oferece um delicioso café com crepes e sorvetes caseiros. De volta a Lençóis, diversos casarões históricos abrem-se à visitação, como a antiga morada do coronel Horácio de Mattos e a Casa de Cultura Afrânio Peixoto – dois testemunhos em tijolo e barro dos séculos passados no interior da Bahia.
A Chapada Diamantina é conhecida pelas cavernas. A de maior fama é a Torrinha , com uma grande diversidade de formações espeleológicas, como as agulhas de gipsita e as flores de aragonita, formadas após centenas de anos de transformações na rocha. Essa gruta disputa os olhares dos viajantes com outra, a Lapa Doce , terceira caverna do país em tamanho, que se estende por quase 18 quilômetros.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras