A cidade de Aswan é o ponto de partida para visitar um dos complexos arqueológicos mais luxuosos do Egito. Um lugar mágico que você passa a conhecer nesta bela reportagem do jornalista Willian D’Ângelo.
Quase que na fronteira com o Sudão está o Abu Simbel, dividido em dois grandes templos escavados na rocha, que impressiona pelo estado de conservação, tamanho e pelos belíssimos salões decorados em seu interior. Trata-se de dois grandes templos, todos escavados em rocha de arenito, às margens do Lago Nasser (que é formado pelas águas represadas do Nilo).
Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, Abu Simbel impressiona por suas dimensões grandiosas e sua curiosa história recente. Devido à construção da barragem de Aswan (a cerca de 200 km de Abu Simbel), um grande vale em torno do Rio Nilo naquela região seria inundado e os templos corriam o risco de ficarem submersos. Assim, na década de 1960, com a ajuda da própria UNESCO, Abu Simbel foi salvo ao ser completamente deslocado de seu lugar original para outro ponto mais alto e não muito longe dali.
Mesmo assim, foi empreendido um grande e milionário esforço para desmontar os dois templos, peça por peça, e reconstrui-los depois. Construídos por ordem do faraó Ramsés II no século XIII a.C., esses templos estão entre os mais bem conservados do Egito. O maior deles, o Templo de Ramsés, tem uma fachada de mais de 30 metros de altura por quase 40 metros de comprimento, com quatro enormes estátuas do faraó.
Em seu interior, são revelados grandes salões e câmaras, todas decoradas com estátuas, pilares e inscrições nas rochas, em 55 metros de profundidade. Já o Templo de Nefertari, apesar de menor, também proporciona um visual impressionante. Foi construído em homenagem à esposa preferida de Ramsés, Nefertari. Passeios até Abu Simbel geralmente partem da cidade de Aswan.
O templo apresenta em sua entrada quatro estátuas de Ramsés II (1303-1213 a.C.), faraó responsável por sua construção, cada uma com 21 metros de altura. A porta de acesso foi construída de tal maneira que, todo ano em 22 de fevereiro e outubro, a luz do sol entra no templo e ilumina totalmente três estátuas sentadas em um banco, uma delas representando o próprio faraó.
Arqueólogos acreditam que essas datas marcam seu aniversário e sua coroação, e nelas milhares de turistas comparecem ao local para presenciar o fenômeno e participar de celebrações. O templo menor parece ter sido construído em homenagem à rainha Nefertari, pois na entrada existem duas estátuas dela e quatro do faraó, cada uma com 10 metros de altura.
A região onde se localiza o templo se chamava Núbia e, apesar de abrigar um grande templo construído pelo faraó, nem sempre mantinha boas relações com ele. Em um livro que escreveu sobre a região, o egiptólogo Zahi Hawass disse que o local era como um termômetro para o Antigo Egito. A área atualmente pertence ao Egito, mas na época do império alternava entre a independência e a influência do faraó, dependendo da força de seu governo.
Reportagem: Willian D’Ângelo (Portal Amazônia sem Fronteiras)