A explosão de um carro-bomba deixou, neste sábado (28), 90 mortos e dezenas de feridos em um bairro movimentado de Mogadíscio, em um dos ataques mais sangrentos ocorridos na capital da Somália, palco habitual de atentados terroristas islâmicos.
O ataque ocorreu em uma área de tráfego intenso, perto de um posto de controle das autoridades e de um escritório da alfândega. O local ficou coberto de detritos e de veículos calcinados.
“O número de mortes que conseguimos confirmar até agora é 90. Também há 70 feridos. Mas o balanço pode piorar”, disse à AFP Abdukadir Abdirahman, diretor de um serviço particular de ambulâncias.
Um policial, Ibrahim Mohamed, chamou a explosão de “devastadora”. O presidente somali, Mohamed Abdullahi Farmaajo, condenou o ataque em declarações emitidas pela agência nacional de imprensa SONNA.
“Este inimigo tenta aplicar a vontade destruidora do terrorismo internacional, nunca fizeram nada positivo por nosso país”, declarou. “Tudo que fazem é destruir e matar”.
Já o prefeito de Mogadíscio, Omar Mohamud Mohamed, disse em entrevista coletiva que o número exato de mortes ainda é desconhecido, mas que o ataque teria deixado cerca de 90 feridos. “Mais tarde, confirmaremos o número exato de mortes, mas será importante. A maioria dos mortos são estudantes inocentes e outros civis”, apontou.
Segundo a autoridade policial Ibrahim Mohamed, “dois cidadãos turcos, aparentemente engenheiros civis envolvidos na construção de estradas, estão entre os mortos”.
Em Ancara, o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, confirmou que dois cidadãos turcos “perderam a vida em um cruel atentado terrorista perpetrado em Mogadíscio”. O Ministério da Defesa informou no Twitter que enviou um avião militar turco à Somália com pessoal e ajuda médica.
Uma testemunha, Muhibo Ahmed, afirmou que “havia muitas pessoas, também estudantes que estavam em um ônibus e que passavam pela área quando a explosão ocorreu”. “Tudo o que pude ver foram corpos […] dispersos e alguns calcinados, irreconhecíveis”, disse outra testemunha, Sakariye Abdukadir.
O ataque, que não foi reivindicado no momento, ocorre em um contexto de intensa atividade do grupo islâmico Al-Shabab, afiliado à Al-Qaeda.
Os insurgentes prometeram derrubar o governo da Somália, que tem o apoio da comunidade internacional e de 20.000 membros da força da União Africana na Somália (Amisom).
O Al-Shabab emergiu da União dos Tribunais Islâmicos, que controlava o centro e o sul da Somália, e estima-se que atualmente tenha de 5.000 a 9.000 membros.
O grupo radical islâmico foi expulso de Mogadíscio em 2011. Depois disso, perdeu a maioria de seus redutos. No entanto, continua poderoso em algumas partes do país, onde realiza operações de guerrilha e atentados suicidas, incluindo na capital.
Seus alvos costumam ser governamentais, forças de segurança e civis. Duas semanas atrás, cinco pessoas morreram em um ataque do Al-Shabab em um hotel de Mogadíscio, muito frequentado por políticos, militares e diplomatas.
Desde 2015, 13 ataques foram realizados na Somália. O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras