A velha política de parlamentares lançarem parentes a candidaturas está presente nas eleições de 2020. Longe de uma transparência para os eleitores, alguns candidatos omitem até seus sobrenomes, antes usados como bandeiras em uma eleição política.
Dos 41 vereadores que compõem a Câmara Municipal de Manaus (CMM), quatro são parentes de políticos do Amazonas, Diogo Afonso (PDT), filho do deputado estadual Adjuto Afonso (PDT), Hiram Nicolau (PSD), irmão do deputado estadual e candidato a prefeito Ricardo Nicolau, Marcelo Serafim (PSB), filho de deputado estadual Serafim Correa (PSB) e Reizo Castelo Branco (PTB), filho do ex-deputado federal Sabino Castelo Branco e da vereadora Vera Castelo Branco.
Nas eleições de 2020, de forma estranha alguns candidatos estão deixando de lado o uso de seus sobrenomes, tentando não fazer ligação com parentes que tenham mandatos. É o caso de Allan Campelo, irmão da deputada Alessandra Campelo (MDB), que tenta uma cadeira CMM pelo PSC.
Allan Campelo já não vem utilizando o seu sobrenome, o mesmo utilizado pela deputada que recentemente se opôs contra a instauração da CPI que iria investigar a gestão da secretaria de saúde frente à pandemia de covid-19 e as secretarias de gestões anteriores, mais especificamente as de 2011 a 2015. Da gestão atual, os ex-secretários de saúde Simone Papaiz e Rodrigo Tobias são investigados e foram presos pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Sangria. O atual secretário da pasta é o primo Marcelo Campelo.
Segundo investigações da PF, na operação Maus Caminhos, no mês de setembro de 2015, um dos ex-secretários presos, Afonso Lobo, havia se hospedado por três dias em um hotel de luxo em Brasília-DF. A deputada estava em sua companhia e, segundo informações levantadas pela equipe de reportagem, a hospedagem foi feita com dinheiro dos cofres públicos.
Se afastando do próprio sobrenome, o candidato Allan Campelo teme ser contaminado pelo número de rejeições surgidas, visto que sua eleição faz parte do projeto político da deputada Alessandra Campelo para reeleição na ALE-AM ou até mesmo para uma candidatura a uma das vagas para a Câmara Federal. O candidato a vereador, que é do mesmo partido do governador Wilson Lima, vem omitindo o sobrenome da família em suas propagandas eleitorais (foto).
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras