Cidades fluminenses temem colapso de serviços básicos com perda de royalties

Foto: Divulgação
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A possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a divisão dos royalties e participações especiais de petróleo (entre estados produtores e não produtores) tem gerado tensão em cidades fluminenses. Isso porque diversos municípios dependem do repasse desses recursos para manter as suas receitas equilibradas. Sem esse dinheiro, as prefeituras temem um colapso financeiro, prejudicando a prestação de serviços básicos à população e o pagamento de trabalhadores. Algumas delas podem ter perda de mais de 50% dos royalties.

Para se ter uma ideia, o governo fluminense divulgou, em reunião realizada pela Alerj na última segunda-feira, que o Estado do Rio de Janeiro sofreria impacto de R$ 57 bilhões em suas contas até 2025, na hipótese de o STF validar a nova regra de distribuição. O julgamento da ação que discute a lei de partilha (de 2012) está marcado para 3 de dezembro.

Pela mesma projeção feita pela Secretaria Estadual de Fazenda, a maior perda seria para a cidade de Paraty, na Costa Verde do Rio. O município teria uma queda de 52% da sua receita corrente líquida. Em seguida, estão as cidades de Saquarema (49%), Quissamã (46%), Maricá e Macaé (ambas com 32%) e Campos dos Goytacazes (25%).

O levantamento tem base em dados do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi), do Tesouro Nacional e do Portal de Transparência dos Municípios e da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Segundo o secretário municipal de Finanças de Paraty, Leônidas Santana, há muita preocupação, pois a cidade possui pouca base para arrecadação de impostos de Receita Própria (IPTU, ISS e ITBI).

“Desde 2014 a gestão vem fazendo esforços para fazer com a justiça fiscal seja aplicada na cidade. Todas essas receitas aumentaram no município desde então. Este trabalho vem da vontade de fazer com que a cidade se tornasse independente dos royalties. Entretanto, novas obras e projetos serão os primeiros a serem afetados caso haja mudança nos royalties”, explica ele.

Dinheiro ‘escoa’

Em Campos dos Goytacazes, a situação também não é diferente. Parte da quantia não chega nem a entrar na conta da prefeitura: vai direto para pagar empréstimos. “Já pagamos mais de R$ 200 milhões dessa operação. Mantivemos programas sociais, mas chegou a um ponto que não foi mais possível, pois íamos aumentar as dívidas. Isso porque já perdemos mais de R$ 1 bilhão pela queda de produção na Bacia de Campos e a desvalorização do preço do barril do petróleo de 2017 para cá”, afirma o prefeito Rafael Diniz.

O gasto corrente da prefeitura é de R$ 1,8 bilhão com as 15 principais despesas (como folha de pagamentos, remédios, insumos, água, esgoto e parcelamento de dívidas). E, segundo o prefeito, a conta já não fecha.

 Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras

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