COMO LIDAR COM A ANGÚSTIA, MEDO E INSEGURANÇA?

Imagem: Divulgação
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ANGÚSTIA

Freud em “Inibições, sintomas e angústia” mostrou que cada período da vida do indivíduo tem seu determinante apropriado de angústia.

1º determinante de angústia: O perigo de desamparo psíquico corresponde ao perigo de perda da vida quando o eu do indivíduo é imaturo. Como a criança ainda não estruturou seu aparelho psíquico apropriadamente e não possui um inconsciente para ajudá-la a lidar com a vida, o risco que ela sente é de desaparecer como sujeito psíquico. Risco do corpo ser habitado por um vazio. Chamamos a isto de angústia de desaparecimento como sujeito psíquico. Na clínica observa-se isto nos surtos psicóticos. A psicose é uma estrutura clínica onde o paciente não pode contar com um inconsciente para mediar as relações de suas pulsões (seus desejos) com a realidade.

2º determinante de angústia: O perigo de perda de objeto, até a primeira infância, quando a criança ainda se acha na dependência de outros.
A perda de objeto de que se trata são seus objetos de amor: seus pais, aqueles que a cuidam e partes importantes de seu corpo.

3º determinante de angústia: O perigo de castração, até a fase fálica. A identidade sexual é conquistada pela pessoa em função de uma relação com o seu corpo. A idade de 3 a 6 anos é muito particular, pois a criança constitui a sua identidade sexual (masculina ou feminina) neste período, a que chamamos de complexo de Édipo. Acontece alguma coisa com a sexualidade da criança que é estrutural para sua identificação de gênero, que é relativo à diferença entre meninos e meninas.

O complexo de Édipo nos meninos resulta na proibição ao incesto e no medo da castração. Isto o faz postergar seu desejo por sua mãe mas permite seu acesso posterior às mulheres do mundo. Aparece a identificação e rivalidade com o pai e a intensifica a questão de ser homem e sustentar este lugar (o lugar do possuidor do falo).

O complexo de Édipo nas meninas se inicia com a pergunta de qual é a razão da mamãe não ter o falo. Ela começa a perceber a diferença de gênero entre os seres humano. Se a mamãe não tem, ela o perdeu? Mas a menina verifica que papai dá a mamãe o falo sobre a forma de filhos e possivelmente pode dar a ela também. Isto intensifica suas relações com o seu pai. Mas ela também vai postergar este desejo pelo pai e vai ter que se virar (como os meninos) com a proibição do incesto. Mas permite seu acesso posterior aos homens. Isto a leva a identificar-se e rivalizar com sua mãe e a colocar em primeiro plano a questão de ser mulher.

Com a aquisição do complexo de castração, os meninos e meninas fazem uma grande conquista no seu mundo psíquico: estruturam seu inconsciente, instância onde vão poder guardar todos seus desejos incestuosos e proibidos. Esta aquisição é importante, pois a menina através do amor edípico a seu pai terá acesso e desejo pelos homens e o menino devido ao amor edípico pela sua mãe irá adquirir amor e interesse pelas mulheres.

4º determinante de angústia: O medo de seu supereu. O supereu é uma estrutura do inconsciente que será o guardião das normas e das leis. É como se fosse um regulador da conduta das pessoas e a faz sentir medo e culpa, frente aos confrontos entre os desejos e a lei. Mas a permite se colocar na norma social e estruturar laços sociais.

A forma como a criança estrutura seu aparelho psíquico levará a existência de três tipos de estruturas clínicas:
a)a neurose: a pessoa aceitou a existência de uma possibilidade de castração simbólica e estruturou um inconsciente e tem mais facilidade de conviver com mundo social;
b)a perversão: a pessoa teve dificuldade de aceitar a castração simbólica e para isto tenta muitas vezes burlar a lei e as normas sociais;
c)a psicose: a pessoa não teve acesso ao complexo de castração simbólico e por isto sua estruturação com sujeito se tornou dificultado, pois não pode contar com o inconsciente, o que dificulta o processo de lidar com a realidade. Estas pessoas se acham muito submetidas aos desejos das outras pessoas, o que causa muitos conflitos.

MEDO

O medo é um sintoma, também chamado de fobia. É um sintoma das neuroses, onde a pessoa tem medo de perder coisas, de ficar sozinha. As causas de seu medo deve ser pesquisado no seu inconsciente. O medo freqüentemente aparece quando as normas e regras familiares não são suficientemente colocadas e a criança se sente insegura com as leis na sua casa. Por exemplo é comum criança que dorme com a mãe ter medo de ladrão. O ladrão é ela mesma que está “se apossando” edipicamente da mulher de seu pai. Quando a família é trabalhada e a lei volta a funcionar (cada um dormindo na sua respectiva cama) o medo tende a desaparecer. Podem existir inúmeras outras razões para o medo que devem ser pesquisadas no inconsciente de cada pessoa.

INSEGURANÇA

Também é um sintoma, mais fácil de lidar do que o medo, característico das neuroses. Sua raiz deve ser pesquisada no inconsciente da pessoa. No homem pode aparecer quando ele não está se sentindo firme em relação a si mesmo e sua masculinidade e tem fantasias e dúvida sobre sua potência, sua capacidade de amar e ser amado. Na mulher também pode aparecer quando ela tem questões sobre a sua feminilidade e tem fantasias e dúvidas sobre sua capacidade de amar e ser amada.

 

Por: Fernanda Lobão

Psicóloga – CRP:20/00723

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