O crime organizado brasileiro, sempre inovador em suas táticas, tem demonstrado uma surpreendente capacidade de adaptação e diversificação. Em um cenário onde o tráfico de drogas enfrenta desafios, especialmente com a cocaína, grupos criminosos estão trocando seus “produtos” tradicionais por alternativas mais lucrativas: combustível, ouro e cigarros. Essa mudança estratégica tem gerado receitas impressionantes, com estimativas mostrando que as organizações criminosas faturaram cerca de R$ 146 bilhões anuais a partir de 2022 apenas com essas atividades.
Enquanto isso, o Estado brasileiro, muitas vezes visto como ineficaz na luta contra o crime organizado, parece observar passivamente o fortalecimento econômico e político desses grupos. O que era antes considerado um “empreendedorismo” marginal agora se revela como um modelo de eficiência, embora oriundo de práticas ilegais e sem a contribuição fiscal que sustenta o funcionamento do país.
Diante desse cenário alarmante, a reflexão surge: seria hora de o governo buscar lições em eficiência e gestão com aqueles que operam fora da lei? A ironia é evidente — enquanto os criminosos prosperam em seus empreendimentos ilícitos, o Estado se vê em uma luta constante para recuperar o controle e oferecer segurança à população.
O relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca que as atividades ilegais geram um montante ainda maior quando se considera a venda irregular de combustíveis, ouro, bebidas e cigarro. Esse novo panorama ressalta a urgência de uma abordagem mais eficaz por parte das autoridades para enfrentar um inimigo que não apenas sobrevive, mas prospera em meio ao caos.
Fonte: G1, Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Foto: Roberta Aline / Cidadeverde.com