O câmbio teve novo dia de volatilidade. O real foi pressionado pela valorização do dólar no exterior, que ganhou força nos negócios da tarde. Em dia de agenda esvaziada, voltaram a crescer as preocupações sobre o ritmo de disseminação do coronavírus e os potenciais efeitos na recuperação da atividade econômica mundial, sobretudo após projeções mais pessimistas de autoridades europeias para o Produto Interno Bruto (PIB) da região neste ano. A declaração de Jair Bolsonaro de que seu teste para o coronavírus teve resultado positivo ajudou a estressar os negócios, em dia marcado por liquidez fraca no mercado de câmbio. No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,59%, cotado em R$ 5,3834.
Nos negócios da manhã, o dólar chegou a cair, em um movimento de realização de ganhos em meio a previsão de ingresso de capitais externos no Brasil no curto prazo, por causa de novas captações de empresas brasileiras no exterior e perspectiva por ofertas de ações. Na mínima, a moeda americana foi negociada na casa dos R$ 5,28. Contudo, a notícia do teste de Bolsonaro, que teve repercussão internacional, em jornais como o britânico Financial Times e os americanos The New York Times e The Wall Street Journal, fez o dólar passar a subir.
Os estrategistas do Citi em Nova York observam que Bolsonaro tem procurado minimizar os efeitos da pandemia no Brasil, ao mesmo tempo em que confronta especialistas, governadores e dois ex-ministros da Saúde. Além disso, foi fotografado sem máscara no fim de semana com o embaixador americano no Brasil e cinco ministros, que agora estão sendo também testados.
Para o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, Bolsonaro parece estar com boa saúde, mas o mercado vai monitorar de perto seu progresso. Entre os ministros, fontes disseram ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que Paulo Guedes deve fazer o teste. O titular da Economia esteve com Bolsonaro ao menos sete vezes nos últimos 14 dias.
Além do teste de Bolsonaro, os estrategistas de moedas do banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH) ressaltam que o dia teve uma mais notícias negativas sobre o coronavírus, que ajudaram a pressionar os ativos de risco. Nos EUA, mais estados estão reavaliando planos de reabertura e demandando o uso obrigatório de máscaras. O jornal USA Today fala em ao menos 21 deles alterando planos de reabertura. Na Austrália, os casos dispararam em Melbourne, que está adotando novo lockdown. O reflexo dessas notícias foi o fortalecimento do dólar nesta terça-feira, ressalta o BBH. O dólar subiu 1,70% ante o peso mexicano e 1% na África do Sul. Na Austrália, a moeda americana avançou 0,27%.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras