O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma “implosão” da economia da Venezuela em um relatório divulgado nesta terça-feira (23), no qual reduziu suas expectativas de crescimento para a América Latina como reflexo das dificuldades no Brasil e no México.
O FMI informou que, no início do ano, a atividade “desacelerou significativamente” em várias economias da região, devido a “fatores idiossincráticos”. O caso mais dramático é o da Venezuela, onde agora se espera uma retração de 35% do PIB contra 25% estimados em abril.
“A profunda crise humanitária e a implosão econômica na Venezuela continuam a ter um impacto devastador, e a economia deverá contrair em torno de 35% em 2019”, disse a entidade, que não analisou as perspectivas para 2020.
Em seu relatório de abril, o FMI tinha previsto uma retração de 10 pontos no ano que vem.
Mergulhada em uma crise política e humanitária, a Venezuela sofre um colapso de sua economia, que desde este ano foi agravada pelas sanções dos Estados Unidos e pelos apagões que paralisam o país.
Para toda a região, o relatório do FMI espera um crescimento de 0,6% (0,8 ponto a menos do que no relatório de abril) e uma retomada para 2,3% em 2020.
Essa queda afetou as projeções de crescimento para 2019 no Brasil, com um recuo de 1,3 ponto, para 0,8%, e no México, com uma redução de 0,7 ponto, para uma expansão projetada do PIB de 0,9%. Esse agravamento do panorama da região ocorre em um contexto de corte nas previsões de crescimento mundial, com redução de 0,1 ponto para 2019 e 2020 – com expansões de 3,2% e 3,5%, respectivamente.
A correção para baixo das perspectivas para a América Latina está em sintonia com um corte de 0,3 e 0,1 ponto nas previsões de mercados emergentes e em desenvolvimento para 2019 e 2020. “A considerável revisão para baixo em 2019 reflete as reduções nas avaliações de crédito do Brasil (…) e do México”, disse a entidade.
Em relação ao Brasil, a entidade detalhou que “o clima se deteriorou de forma marcante, dada a persistente incerteza sobre a aprovação da Reforma Previdenciária e de outras reformas estruturais”.
Em sua avaliação do México, o FMI disse que o investimento continua fraco e que o consumo privado desacelerou, como resultado da incerteza em relação “às políticas, à deterioração da confiança e ao aumento dos custos dos empréstimos”.
Para a Argentina, a previsão de crescimento para 2019 foi ajustada para baixo com uma retração de 1,3% em 2019, em comparação com uma projeção de queda de 1,2% em abril, enquanto em 2020 o Fundo espera uma expansão de 1,1% frente à projeção anterior de 2,2%.
As perspectivas para o Chile também foram revisadas para baixo, após constatar que houve “um desempenho econômico mais fraco do que o esperado no início do ano”. Em entrevista coletiva em Santiago, a economista do FMI, Gita Gopinath, que lidera a divisão de pesquisa, disse que o corte previsto para o Chile será de 0,2 ponto, para 3,2% em 2019.
O vice-diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Gian Maria Milesi-Ferretti, destacou o desempenho das economias da Colômbia e do Peru. “Essas economias têm sido mais resistentes em comparação com as grandes economias da região, onde houve uma redução significativa”, avaliou o economista.
Milesi-Ferretti ressaltou que a previsão da Colômbia permaneceu praticamente inalterada, projetando um crescimento de 3,4% para 2019 e 3,7% para 2020.
O economista disse que houve uma revisão “modesta” para baixo do crescimento do Peru para 2019, de 0,2 ponto, em comparação com a previsão feita em abril de uma expansão de 3,7%. “O país teve uma série de impactos”, afirmou, citando as consequências do caso Odebrecht e da corrupção, que atrasaram projetos de investimento
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras