Acossado por reações negativas no mundo inteiro pelo desmatamento crescente e as queimadas na Amazônia, o governo brasileiro começou uma ofensiva diplomática para tentar mostrar ao mundo que defende a Amazônia e distribuiu uma circular de 12 páginas para todos os postos diplomáticas como subsídios para a defesa do governo.
Os 59 pontos da circular a que a Reuters teve acesso tentam responder cada um dos pontos sobre questões em que o Brasil tem sido criticado no exterior, mas usam políticas e dados de governos anteriores –inclusive algumas hoje criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro
Ao tratar do desmatamento, que dados iniciais mostram que vem crescendo em taxas aceleradas este ano, o documento enviado pelo Itamaraty a seus postos diz que a taxa foi reduzida em 72% entre 2004 –quando atingiu o maior pico desde a metade da década de 1990, com 27,7 mil quilômetros quadrados desmatados– e 2018, onde 7,9 mil km2 de floresta foram derrubados.
No entanto, deixa de lado o fato de que desde 2012 a taxa voltou a subir, com a crise fiscal e a queda nas atividades de fiscalização por falta de recursos.
“É importante ter em mente que nas últimas décadas o Brasil desenvolveu capacidade de conciliar produção agropecuária com preservação. Mais de 60% do território brasileiro é coberto por vegetação nativa, com atividades agropecuárias limitadas a cerca de 30% do território” diz o texto enviado aos postos.
A limitação ao uso da terra e o fato de 60% do território nacional ser composto de reservas ambientais de diversos tipos e terras indígenas é uma das grandes críticas do presidente à política ambiental adotada por seus antecessores.
Bolsonaro afirma que o país está “amarrado” e lembra sempre que votou contra a criação da reserva Yanomâmi, que seria “maior que o Estado do Rio de Janeiro”.
O texto ainda destaca justamente as terras indígenas, mais de 60 reservas que seriam “as maiores áreas de preservação de vegetação nativa do Brasil”, mas que são alvos de algumas das maiores críticas de Bolsonaro. Desde a campanha eleitoral o presidente promete que não irá aprovar nem mais uma reserva, e defende a abertura das terras para exploração de minérios.
“O país tem atuado intensamente no controle e na restrição a atividades irregulares com envolvimento de grileiros, madereiros e garimpeiros, de modo a reduzir índices de desmatamento e invasão a terras indígenas”, diz a circular.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras