Manifestação pró-armas nos EUA atrai multidão, com risco de violência

    Foto: Divulgação
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     Milhares de ativistas pró-armas começaram a se reunir nesta segunda-feira na cidade americana de Richmond, na Virgínia, para uma manifestação, sob grande vigilância. As autoridades declararam estado de emergência, temendo atos de violência pelos grupos de extrema-direita.

    Usando casacos e gorros de caça, os manifestantes passavam por controles de segurança rigorosos, inclusive uma revista em busca de armas, antes de entrar em uma área cercada da praça do Capitólio de Richmond, para o chamado “Dia do Lobby”.

    Muitos outros se reuniram nas ruas que cercam o prédio do Capitólio, alguns com armas de mão ou longas – permitidas fora da área designada para o evento.

    Eles levaram bandeiras dos Estados Unidos e do estado da Virgínia e um enorme cartaz com a imagem de um fuzil de assalto e a legenda: “Vem pegar”.

    Brooks, morador de Richmond de 24 anos, não quis dar seu nome completo. Ele veio com um grupo de amigos, inclusive um com um fuzil de assalto AR-15, “para apoiar a Segunda Emenda”.

    “Nos armarmos é nosso direito constitucional outorgado por Deus. Ter uma arma é para a tranquilidade mental. É uma questão de proteção”, disse à AFP.

    O evento foi organizado pela Liga de Defesa dos Cidadãos da Virgínia (VCDL, na sigla em inglês), que se opõe às leis de controle de armas propostas por democratas que governam este estado.

    A VCDL criticou o que considera uma violação da Segunda Emenda da Constituição americana, que estabelece que “o direito das pessoas de ter e portar armas não deve ser infringido”. Esta emenda despertou controvérsias ao longo dos anos e é alvo de interpretações variadas.

    A Suprema Corte decidiu que as pessoas têm direito a ter armas de fogo em casa, mas cada estado deve determinar como elas podem ser transportadas.

    O presidente Donald Trump, um importante aliado do lobby pró-armas, expressou seu apoio aos manifestantes nesta segunda, no Twitter. “O Partido Democrata da Virgínia está trabalhando arduamente para tirar seu direito à Segunda Emenda”, disse. “Isso é só o começo. Não deixe isso acontecer, VOTE NOS REPUBLICANOS em 2020!”

    Richmond era a capital da Confederação pró-escravidão, e a Virgínia tradicionalmente se inclinava para os conservadores.

    Mas o estado, que faz fronteira com Washington, passou em novembro para as mãos dos democratas, que prometeram abordar o que consideravam uma negligência em torno das leis sobre armas de fogo, particularmente depois de um tiroteio em maio de 2019 em Virginia Beach, que deixou 12 morto.

    As leis propostas proibirão carregadores com mais de 10 cartuchos de munição, a compra de mais de uma arma por mês e permitirão que os juízes confisquem armas de indivíduos considerados perigosos.

    No entanto, um projeto de proibição da venda de rifles semiautomáticos foi abandonado.

    As novas restrições foram duramente criticadas por todo o estado, e mais de cem municípios e cidades foram declarados santuários da Segunda Emenda, ameaçando não as aplicar.

    Extrema-direita e paramilitares

    Nesta segunda-feira, a segurança em torno do Capitólio de Richmond foi ampliadas, e as autoridades organizaram reforços policiais para evitar qualquer má conduta, já que vários grupos de extrema direita disseram que vão comparecer.

    No final da semana passada, o FBI prendeu sete supostos membros do grupo extremista branco “The Base”, suspeito de tentar causar desordem no comício.

    O governador democrata Ralph Northam declarou na quarta-feira estado de emergência para o local da manifestação, que está em vigor desde sexta-feira e continuará até terça-feira à noite.

    É proibido o uso de armas de fogo – normalmente permitidas nas ruas -, bem como objetos perigosos, como tacos de beisebol e correntes.

    O governador disse que foram vistas “ameaças sérias e críveis” de “violência, confronto armado e agressão a nosso Capitólio de grupos com planos de ação”.

    Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras

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