O marido da secretária de Comunicação do governador Wilson Lima Daniela Assayag, o médico Luiz Carlos Avelino Júnior é dono de 50% da empresa Sonoar, a principal beneficiada no esquema da compra superfaturada de ventiladores pulmonares, via FJAP & Cia Ltda, por R$ 2,96 milhões, para o governo do Amazonas. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (1º) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) que investiga gastos na saúde.
A constatação, segundo o presidente da CPI, deputado Delegado Péricles (PSL), foi feita com base em um contrato de cessão de cotas da empresa Andrade e Mansur Comercio de Materiais Hospitalares Ltda, cujo nome fantasia é Sonoar Equipamentos para Terapia Respiratória, do dia 12 de dezembro de 2019, em que Renata de Cassia Dias Mansur Silva cede suas cotas para Avelino Júnior.
Para o deputado, o interesse da secretária de Comunicação, nome de confiança do governador Wilson Lima, ficou claro com a informação, colhida em um dos depoimentos realizados durante a CPI, de que Daniela Assayag participou de uma reunião interna da Secretaria de Saúde (Susam) em que o assunto foi a compra dos equipamentos. “O interesse dela está bem claro porque o marido dela já atuava desde janeiro como um dos sócios da Sonoar”, afirmou Péricles.
Ontem, a CPI divulgou que o processo de compras realizado pela Susam foi montado para beneficiar a Sonoar e que a FJAP entrou no esquema porque a Sonoar não dispunha de capital para fazer o pagamento à vista para seus fornecedores.
Dessa forma, segundo a CPII, a FJAP entrou com o dinheiro, comprando os equipamentos da Sonoar.
Para a CPI, outro indício que reforça esse argumento é a compra de apenas 28 ventiladores mecânicos, número abaixo da real necessidade da Susam, mas que era o total que a Sonoar havia conseguido com os fornecedores naquele momento.
O deputado afirmou que as “provas robustas” que ligaram Avelino à Sonoar e, consequentemente, a Daniela Assayag, ao esquema de compras investigado, chegaram ontem à tarde à CPI. Essas informações, segundo Péricles, serão encaminhadas à Polícia Federal (PF), que conduz uma investigação sobre a compra dos respiradores.
Péricles já havia dito antes que, desde o início, a Sonoar tinha interesse em vender os respiradores ao Estado. “A Sonoar, desde o primeiro momento, ela tinha interesse em não só participar, mas vender esses equipamentos para a Susam. Desde o dia 27 de março a proprietária da Sonoar entrava em contato com a Susam, já no intuito de oferecer o produto e na certeza de que iria vender e ter aquele lucro de quase R$ 1,5 milhão como ela teve”, afirmou o deputado.
De acordo com o parlamentar, Daniela Assayag, tinha interesse na aprovação de processo dispensa de licitação, que normalmente demora até dois meses para liberação mas nesse caso dos respiradores demorou apenas um dia. Ele afirma que a secretária de Comunicação do governo participou de uma reunião interna da Secretaria de Saúde do Amazonas para tratar do assunto no dia 3 de abril.
“O interesse dela está bem claro porque o marido dela fazia parte da cota e desde janeiro atuava como dono desta empresa Sonoar”, declarou Péricles.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras