No ano de 1929 a Itália já organizava, um ano antes da Copa do Mundo de 1930, no Uruguai, a sua primeira competição nacional. O cálcio (como é chamado o futebol na Itália) havia ultrapassado o ciclismo em número de praticantes e se tornado um sucesso no país. O ditador Benito Mussolini, percebeu isto e viu no futebol a chance de sua autopromoção. Com isso, um ano antes da realização da Copa de 1930, ele já havia percebido que haveria mais uma edição do mundial e, com isso, começou a preparar o país para ser a sede da Copa do Mundo colocando a Itália como pré-candidata para receber o evento em 1934.
Em 1932, Duce (como era chamado Mussolini) percebeu que a Itália não seria o único concorrente para sediar a Copa. A Suécia também tinha entrado no páreo porque percebeu que um evento destes no país poderia ser muito lucrativo. Com isso, no dia 13 de maio de 1932, a Fifa viu-se obrigada a tomar uma decisão, em Estocolmo, na Suécia, em um congresso realizado pela entidade. A Suécia, no fim da contas, acabou desistindo de concorrer como país sede e a Itália foi a escolhida.
Mussolini estava nas tribunas de honra do estádio Nacional, na estreia da Itália na Copa do Mundo de 1934. A presença dele estimulou a Azurra, que dominou a partida e aplicou a maior goleada da Copa, vencendo os Estados Unidos por 7 a 1. O terceiro gol de Schiavio, o quinto dos anfitriões, foi o 100º da história das Copas.
Em seu segundo jogo, a Itália fez um duelo equilibrado com a Espanha, empatando em 1 a 1. O jogo foi para a prorrogação, e o empate forçou um jogo extra no dia seguinte, com a Itália vencendo por 1 a 0, gol de Meazza. Na semifinal, veio a vitória magra de 1 a 0 sobre a Áustria, partida disputada no Estádio San Siro, em Milão, carimbando a vaga na final contra a Tchecoslováquia.
Numa Itália dominada pelo regime fascista, nem mesmo a arbitragem da final da Copa escapou. Ao entrar em campo, o sueco Ivan Eklind, que havia apitado a semifinal entre italianos e austríacos, assim como os dois auxiliares, Louis Baert (Bélgica) e Mihaly Ivancsics (Hungria), fizeram a saudação fascista a Benito Mussolini, que assistiu a partida da tribuna de honra.
A final aconteceu no dia 10 de junho de 1934, com o primeiro tempo tendo como destaques os capitães e goleiros Combi (Itália) e Planika (Tchecoslováquia). Após um empate de 1 a 1, os tchecos não mostraram forças para reagir e, ao final do tempo extra, a Itália sagrou-se campeã, gol de Schiavio, resultado que salvou jogadores e comissão técnica de um provável e mortal acesso de ira de Benito Mussolini.
Reportagem: Willian D’Ângelo