O BRASIL QUE O POVO ESPERA ESTÁ NO PRÓPRIO POVO

    Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição

    Neste domingo teremos eleições para governador no Amazonas. Como toda eleição, vem a esperança de dias melhores, pois um novo gestor assume o poder. É também um dos poucos momentos onde o povo é lembrado do que diz a Constituição Federal de 1988 no Art. 1, § 1: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Entretanto, frequentemente o povo brasileiro se depara com os problemas de gestão e tende a se decepcionar deveras com o sistema político do país e da forma com que parte do grupo que faz política no país se comporta.

    Em uma matéria da Epoch Times(www.epochtimes.com.br), foi feita a seguinte pergunta: “O que você espera dos representantes políticos?”. As respostas variavam entre seriedade, trabalho, competência, honestidade, cumprimento dos seus deveres, vergonha na cara, etc. Há quem mencionou ainda a falta de perspectiva em relação à classe política brasileira.

    Aproveitando o ensejo da Constituição que menciona os termos nela dispostos, gostaria de opinar e reafirmar uma ideia que tenho sobre a sociedade brasileira: o país só vai de fato ser melhor quando o próprio povo- de uma forma geral- viver melhor o que projeta nos seus políticos, ou seja, a população de uma forma geral deve experimentar uma verdadeira mudança de coração.

    Entre várias coisas, somos conhecidos mundialmente pelo fato de dar “um jeitinho para tudo”. Infelizmente, a denotação deste jeitinho diz mais respeito a burlar regras, maquiar mudanças, varrer a sujeira para baixo do tapete e coisas do tipo. Apesar do lado positivo de ser flexível, o jeitinho brasileiro tende mais a ser uma forma sutil de corrupção do que de ética e responsabilidade social; tudo o que se cobra dos políticos, mas tende a não se cumprir.

    Exemplos desse jeitinho não faltam: um atestado quando não se está doente, uma “peixada” no banco para furar fila, favorecimento a outrem por conta de uma troca de favores, pontos perdidos na CNH, serviços para tirar o nome do SPC/SERASA sem pagar a conta, compra de diplomas, falsos aposentados por invalidez, o famoso “guaraná” nas blitz policiais, para listar alguns. O pior é quando o alguns usam a justificativa de que os políticos fazem; eles fazem também. O certo é muito caro; o errado, mais barato.

    Outra característica que pontuo como negativa é que o povo tende a ser muito dado à autocomiseração; achar que é o coitadinho da história. Não tende a assumir sua responsabilidade, sua participação na construção de uma sociedade melhor, seu papel em ser o que tanto se espera dos outros, em especial da classe política. Com o próprio povo se vitimando, o quadro social no país piora, refletindo em boa parte da gestão do país que tende também a se aproveitar deste fato.

    Se o poder emana do povo nos termos da Constituição, logo é o povo quem deve experimentar uma mudança de coração. O povo deve lutar para ser mais ético, mais justo, mais honesto, mais sincero, mais comprometido com a sociedade, e, sobretudo, mais cumpridor de regras. Assim, terá plenos poderes de viver seus direitos e cobra-los quando estes não tiverem sendo atendidos. Vinicius Menandro, promotor de Justiça do Acre e coordenador nacional da campanha “O que você tem a ver com a corrupção”, falou algo que resume bem este texto: “Para mudar o país temos que mudar nós mesmos”.

     

    Por: Cícero Júnior

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