Promotores de Nova York pediram uma sentença de prisão perpétua para Keith Raniere (foto), o guru de uma seita de escravas sexuais acusado de tráfico sexual, que envolveu a atriz Alisson Mack, de Smallville – apontam documentos judiciais divulgados na sexta-feira (28).
Raniere, de 60 anos, foi declarado culpado em junho de 2019 por tráfico sexual, extorsão, crime organizado, ameaças e abuso de menores, entre outros crimes.
“Raniere recrutava pessoas para as organizações que fundou, supostamente para seu próprio benefício, depois as explorava para obter poder, dinheiro, ou sexo. A sentença imposta a Raniere deve refletir o dano imensurável que ele infligiu às suas vítimas”, disseram os promotores em um documento enviado ao juiz Nicholas Garaufis antes da sentença, prevista para ser anunciada em 27 de outubro.
Os promotores também afirmam que a prisão perpétua é justificada, porque Raniere se recusa a aceitar sua responsabilidade desde que foi considerado culpado.
“Enquanto está na prisão, Raniere continua em contato regular com seus seguidores e expressou desprezo por suas vítimas, promotores e pelo tribunal”, disseram.
Raniere ocultou essas práticas após uma organização criada em 2003, Nxivm (pronunciado Nexium), cujo objetivo oficial era oferecer treinamento para uma maior realização pessoal de seus membros.
Desde o início, o guru manteve sob sua influência um círculo de entre 15 e 20 mulheres, com as quais tinha relações sexuais quando sentia vontade. Uma delas tinha apenas 15 anos.
Em 2015, criou uma segunda organização paralela piramidal, chamada DOS, que se dividia em “escravas” e “professoras”. Todos os membros eram mulheres e respondiam ao guru.
As escravas tinham que fazer sexo com Raniere sempre que ele quisesse.
Antes de serem aceitas como escravas, as mulheres tinham que entregar elementos comprometedores, como fotos delas nuas, cartas e documentos, que a organização ameaçava publicar caso abandonassem o DOS.
Algumas das vítimas foram marcadas a fogo com um símbolo que representava as iniciais do guru.
Localizada em Albany, Nova York, a organização tinha centros em várias cidades dos Estados Unidos, México – onde o sócio de Raniere era Emiliano Salinas, filho do ex-presidente Carlos Salinas de Gortari (1988-1994) -, Canadá e outros países.
Duas sócias de Raniere, a atriz Allison Mack e a herdeira da empresa de bebidas Seagram Clare Bronfman, também foram acusadas e se declararam culpadas, mas ainda não tiveram suas penas anunciadas.
A rede HBO produziu um documentário sobre a história, “The Vow” (A Promessa) e também um filme sobre o caso, “Escape do culto NXIVM: a luta de uma mãe para salvar sua filha”, dirigida por Lisa Robinson e divulgada no canal Lifetime.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras