Joseph DeAngelo, um ex-policial que confessou ter cometido 13 homicídios e 50 estupros na Califórnia nas décadas de 1970 e 1980, foi condenado nesta sexta-feira a passar o resto de sua vida atrás das grades depois de aterrorizar uma geração.
O serial killer DeAngelo pediu desculpas às suas vítimas pouco antes de o juiz Michael Bowman condená-lo a 11 penas de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
‘Lamento muito’
A audiência desta sexta-feira se seguiu a três dias em que as vítimas e familiares de vítimas do chamado “Golden State Killer” (assassino do Golden State, o Estado Dourado, como é chamado o estado da Califórnia) puderam confrontar seu agressor.
DeAngelo, um ex-policial e veterano de guerra de 74 anos, vestido com uma camiseta branca sobre seu macacão laranja de presidiário e o rosto coberto com uma máscara, manteve uma expressão neutra enquanto ouvia sua história de terror nos relatos dos afetados.
Também conhecido como “East Area Rapist” (estuprador da zona leste) e “Original Nightstalker” (primeiro perseguidor noturno), DeAngelo admitiu ter assassinado 13 pessoas e estuprado 50 entre 1975 e 1986, além de ter cometido vários assaltos e sequestros, crimes pelos quais recebeu condenações adicionais.
Com a voz rouca e dificuldades para se levantar da cadeira, ele disse, antes de ouvir sua sentença: “Escutei todos os seus testemunhos, cada um deles. E lamento muito por todos os que machuquei”.
Durante coletiva que se seguiu à audiência, os promotores disseram que o pedido de desculpas do réu era “uma falsidade” e mostraram vídeos do acusado em sua cela subindo em móveis e movimentando-se com facilidade para desmontar a imagem de fragilidade que mostrou na corte.
“Não acredito em nada do que diz”, concordou Carson-Sandler. “Não acredito que houvesse nada de verdadeiro em sua declaração”.
‘O diabo’
Os ataques de DeAngelo, que tem três filhas adultas e netos, começaram inicialmente na região de Sacramento, no centro da Califórnia, antes de se espalharem por todo o estado.
Desde seu último crime conhecido, o estupro e assassinato de uma garota de 18 anos em 1986, 32 anos se passaram até sua captura, em 2018.
Os investigadores compararam o DNA coletado na cena do crime com perfis disponíveis em sites que analisam amostras genéticas de pessoas que desejam saber sobre seus ancestrais. Explorando árvores genealógicas, os pesquisadores encontraram DeAngelo por meio de parentes distantes.
Essa pista os levou à casa de um homem mais velho, que morava em um subúrbio da capital do estado, Sacramento, área onde ocorreram muitos dos ataques e onde viveu por 20 anos.
E após a comparação de uma amostra encontrada no lixo com o DNA, ele foi preso. “Hoje é o diabo que será condenado a ficar atrás das grades pelo resto de sua vida. Ele nunca será livre, graças a Deus”, disse o promotor distrital do condado de Orange, Todd Spitzer.
“Sinceramente, acredito que essa pessoa, quem nem pode ser chamada de pessoa, merecia a pena de morte”, acrescentou.
O governador da Califórnia suspendeu a pena capital no estado pelo menos durante o seu mandato.
Para a defesa, um homem de família
Na quinta-feira, Sharon Huddle, que foi esposa de DeAngelo por 46 anos, disse desconhecer a atividade criminosa do marido e que teria que conviver “todos os dias com o fato de que ele atacou e prejudicou seriamente a vida de centenas de pessoas inocentes e assassinou 13 pessoas inocentes”.
Esta advogada, que se casou com o réu em 1973, assegurou que não tinha conhecimento de sua atividade criminosa. “Acreditei quando ele me disse que precisava trabalhar, que iria caçar faisões ou visitar seus pais a centenas de quilômetros de distância”, segundo um comunicado.
Antes de DeAngelo falar, seus advogados de defesa tentaram apresentar o condenado como um homem de família. “Esperamos que, ao admitir essas ofensas, o Sr. DeAngelo tenha proporcionado um pouco de paz aos seus sobreviventes e seus entes queridos”, afirmaram.
Uma declaração da irmã do réu, lida pelos advogados, culpou o pai dos dois “em parte” pelo “abuso mental e físico”, mas insistiu em que não estava “procurando uma desculpa” para os crimes de DeAngelo.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras