O sistema de saúde do estado do Amazonas pode ser um dos primeiros a entrar em colapso no Brasil por causa da pandemia do novo coronavírus. A preocupação das autoridades de saúde é por causa do aumento dos casos de Covid-19 que, até esta sexta-feira (3), registrou 12 mortes e 260 casos confirmados. Há precariedade no atendimento da rede pública: faltam respiradores, ventiladores e leitos para as pessoas em estado grave da doença infecciosa e que precisam de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Manaus entra em nosso radar como um ponto que pode ter ascendências rápidas de curva”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante coletiva à imprensa nesta sexta-feira (3), em Brasília.
As palavras do ministro, chamando atenção pela urgência de melhorias no sistema de saúde, têm como base as informações que ele recebeu do secretário de Saúde do Amazonas, Rodrigo Tobias. Mais cedo, o secretário em coletiva, em Manaus, acendeu o alerta.
“A gente pode colapsar até domingo e no mais tardar no início da semana”, afirmou o secretário.
O governador Wilson Lima falou nesta última sexta-feira sobre a possibilidade de um colapso no sistema de saúde do estado. “O que tem acontecido tem nos deixado preocupados, só nas últimas 24 horas 23 pessoas se internaram com síndrome respiratória aguda. Dois hospitais da rede privada já nos comunicaram que estão no seu limite. Há o risco do sistema colapsar”, afirmou o governador.
Wilson Lima já prorrogou os decretos restringindo a circulação de pessoas nas ruas e manteve o comercio fechado. O Amazonas tem uma população estimada de 4.144.597 habitantes. Já a capital Manaus tem 2.182.763 pessoas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia do novo coronavírus em 11 de março. No entanto, na ocasião, o governador Wilson Lima não anunciou medidas pontuais de prevenção à doença para a população como a quarentena ou isolamento social, como recomendou a OMS e como fizeram os governos dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro – que são os epicentros da pandemia no Brasil.
A primeira morte por coronavírus no Amazonas foi registrada em 24 de março. Na ocasião, segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVA), haviam 47 casos confirmados de Covid-19 no estado.
Atualmente são: 232 casos em Manaus, dez em Manacapuru, quatro em Santo Antônio do Içá e Itacoatiara, três em Parintins, e um em Anori, Boca do Acre, Careiro da Várzea, Novo Airão e Tonantins.
O secretário Rodrigo Tobias descreveu a falta de equipamentos para o atendimento aos pacientes graves. No estado há 482 ventiladores, sendo 392 em Manaus, segundo ele. Desse total, 90 aparelhos estão em manutenção, disse.
No interior, formado por 61 municípios, há na rede pública de saúde 24 respiradores. “Se isso é o suficiente? Eu devo dizer à população, não é o suficiente, principalmente em se tratando de uma epidemia, de uma pandemia, que é novo em todo o mundo, não é? ”, declarou o secretário de Saúde do Amazonas.
“O fato é que estamos tomando todas as providências cabíveis para a aquisição de novos respiradores e assim garantir o cuidado intensivo àqueles que precisarem”, completou Tobias.
Em relação aos leitos para atender os pacientes de Covid-19 nos hospitais, o secretário de Saúde revelou uma situação ainda mais grave: “Hoje, nesse exato momento nós temos 69”, disse ele, prometendo que “até o dia 15 de maio vai, pelo menos, chegar a 300 leitos de UTI respiradores todos eles centralizados no (Hospital) Delphina Aziz”.
Já em Brasília, o ministro Luiz Henrique Mandetta anunciou o envio de 15 respiradores para o Amazonas com a ajuda da Força Aérea Brasileira (FAB).
“Tive que pegar respirador de um Estado e mandar pela FAB para Manaus. Aqui, agradeço ao ministro Braga e Fernando, da Defesa, pelo pronto atendimento para tentarmos trabalhar o Brasil como um cenário. Porque se aumentar muito aqui, talvez a gente pegue equipamento de um local e transfira, para ver se a gente consegue dar um ponto de equilíbrio para o nosso sistema de saúde que vai sim ser muito estressado”, afirmou o ministro da Saúde.
No Amazonas o Hospital de Pronto Socorro Delphina Rinaldi Aziz, que fica em Manaus, é a unidade referência para atender os casos mais graves da doença.
Tobias fez um apelo à população: “Se as pessoas não ficarem em casa, a gente não tem condição de quebrar a cadeia de transmissão do vírus. Se a gente não quebra essa cadeia, provavelmente, em algum momento. Nosso sistema que é limitado pode entrar em colapso”, afirmou o secretário.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras