SUICÍDIO

    O suicídio é definido como uma morte auto-infligida, intencional. Deve ser diferenciado da tentativa de suicídio que é um ato não letal que tem a morte como sua meta, aparentando a vontade de morrer.

    Para cada suicídio há um grande número de tentativas de suicídio e gestos suicidas que são indicadores de intenção com um conteúdo manipulativo do ambiente e das pessoas à volta.
    Os homens cometem o suicídio 3 vezes mais que as mulheres e as mulheres tentam 4 vezes mais que os homens.
    Mesmo quando as tentativas de suicídio parecem manipulativas e leves elas devem ser encaradas com seriedade pois indicam uma pessoa em sofrimento e com poucos recursos mentais para fazer face às circunstâncias da vida.

    As pessoas que estão em maior risco são as portadoras de transtornos mentais e de doenças físicas mutilantes ou que produzem dor, com idade mais avançada, isoladas socialmente, com pouco suporte familiar, com pouca flexibilidade mental frente às mudanças sociais e econômicas e que estão passando por situações estressantes ou humilhantes ou de perdas materiais ou afetivas.

    Existe suicídio de crianças?

    É extremamente raro a ocorrência de suicídio até os 12 anos. Tipicamente o suicídio é uma ocorrência das faixas etárias mais altas mas ultimamente tem sido observado um grande aumento do número de suicídio nos que estão entre 20-40 anos, constituindo uma importante causa de morte nesta faixa etária.

    As pessoas que pensam muito em suicídio tem um risco maior?

    Sim. A chamada ideação suicida que é constituída pelos pensamentos recorrentes de procurar a própria morte é um ingrediente do risco suicida embora muitas pessoas que a manifestam não chegam a fazer nenhuma tentativa.

    Quais são os métodos mais habituais de cometer um suicídio?

    Os homens tendem a usar métodos mais violentos como saltar de lugares elevados e o uso de armas de fogo.
    As mulheres tendem a usar medicamentos ( principalmente psicotrópicos), venenos e ferimentos ( cortar os pulsos).

    Qual é a motivação das pessoas que tentam e que realizam o suicídio?

    O motivo mais determinante das tentativas e dos suicídios realizados é escapar de um sofrimento mental considerado insuportável e a pessoa não consegue ver outra forma senão esta. Os suicidas têm um estreitamento na maneira de ver o mundo e a sua vida que é denominado ´´visão em túnel“. Não conseguem ver alternativas que estão disponíveis e se sentem sem saída.
    Outros aspectos motivacionais incluem o vingar-se com a própria morte de pessoas que a tenham ofendido, desprezado ou humilhado.

    Quais são as fantasias mais frequentes nos suicidas?

    São as fantasias de reunião com pessoas queridas que já morreram, de adquirir poder e controle sobre as pessoas, de renascimento (voltar para uma vida melhor, com menos sofrimento e melhores condições).
    Há casos em que as fantasias evoluem para um delírio e a pessoa comete suicídio na crença de modificar o mundo com seu gesto, de redimir a humanidade pecadora.
    São comuns as fantasias autopunitivas.

    A ocorrência de um suicídio pode influenciar outras pessoas a fazer o mesmo?

    Sim. É bastante conhecido o fenômeno de contaminação suicida. Se um suicídio é muito divulgado ele vai desencadear uma série de outros de pessoas que, obviamente já eram suicidas em potencial.
    Este fenômeno ocorre, às vezes, entre adolescentes que tentam ou cometem suicídio da mesma maneira que um jovem o fez.

    É verdade que falar com um amigo ou familiar sobre um comportamento considerado suicida ou preocupante pode desencadear o suicídio?

    Não. Este é um dos mitos em relação ao suicídio. Não é falando e discutindo francamente com uma pessoa acerca de suas ideias e tendências suicidas que ela entrará em risco. É justamente o contrário; quando uma pessoa pode falar e encontra compreensão do seu sofrimento é que o risco diminui.

    Quais são as razões que levam uma pessoa que apresenta os fatores de risco a não cometer o suicídio?

    As mais comuns são:

    – responsabilidade com a família e principalmente com filhos. ´´ Não posso deixar meus filhos para outros cuidarem, minha família depende de mim“
    – medo do suicídio. ´´ Não tenho coragem suficiente para fazer isto, tenho medo de falhar na tentativa“
    – medo da desaprovação social. Temor do que as pessoas venham a pensar de seu ato.
    – Objeções religiosas. ´´ A minha religião proíbe. Será um pecado muito grande. Tenho medo de ir para o inferno“
    – Ideias de enfrentamento e sobrevivência ´´ Tenho que enfrentar este momento difícil que irá passar. Ainda tenho muito para fazer na vida“

    Podemos então concluir que o ato suicida é multifatorial?

    A ocorrência do suicídio é determinada por vários fatores que se somam. Ao sentimento de desesperança e intensa dor psíquica somam-se outros fatores, como isolamento social, estresses da vida profissional, mudanças bruscas na situação social e financeira, envelhecimento e diminuição de possibilidades, alterações de saúde, transtornos mentais e outros fatores.

    É conhecido o fato de que muito suicidas estiveram em consulta médica no período recente que antecedeu o suicídio. Por que não é detectado o risco?

    Muitas pessoas que já têm uma decisão de cometer o suicídio não discutem as suas ideias com ninguém, nem mesmo com o médico e isto dificulta a detecção da intenção suicida.
    Muitas vezes o médico não está suficientemente atento aos fatores de risco para provocar o assunto na consulta médica.

    É possível a prevenção do suicídio?

    Sendo um acontecimento multifatorial a prevenção é difícil. Em alguns dos fatores do suicídio pode haver a intervenção de ações de saúde mental. Em outros fatores que têm determinantes sociais e econômicas isto não é possível.

    Quais são os sinais, sintomas e dados de história de vida que alertam para um risco suicida e podem possibilitar uma ação preventiva?

    Podemos citar:
    1- Tentativa prévia ou fantasia de suicídio
    2- Ansiedade, depressão e esgotamento
    3- Disponibilidade de meios de suicídio
    4- Preocupação com as consequências do suicídio em membros da família
    5- Ideação suicida verbalizada
    6- Preparação de testamento e estado de resignação após uma depressão agitada
    7- Proximidade de crise vital como luto ou cirurgia a ser feita
    8- História familiar de suicídio.

    Como podemos ajudar a salvar vidas e proteger pessoas dos riscos que elas representam para si mesmas?

    Divulgando ideias científicas a respeito deste tema, procurando conhecê-lo mais profundamente, ajudando a eliminar os preconceitos que envolvem os suicídios e os mitos que dificultam a abordagem. Devemos estar atentos às pessoas que apresentam os fatores de risco que estudamos e encaminhá-los, sempre que possível, a profissionais de saúde mental com experiência para avaliar a extensão dos riscos.

    Podemos falar de tratamento do suicídio?

    As pessoas que conseguiram realizar o intento suicida já não podem ser objeto de nenhuma ajuda mas os seus familiares e principalmente os filhos podem ser ajudados na minimização dos danos provocados pelo suicídio, o que será preventivo da ocorrência de outros.
    Os que escaparem do suicídio devem ser objeto de cuidados especiais.
    Alguns devem ser hospitalizados para maior segurança mas a grande maioria pode ser tratada ambulatorialmente.
    É necessário que a família exerça uma vigilância intensa ( após uma tentativa outra é mais provável principalmente nos 3 primeiros meses ), elimine os meios disponíveis para suicídio.
    É necessário o tratamento de transtornos mentais que possam estar presentes, bem como de doenças físicas que produzem dor, preocupação com sobrevivência e desesperança.
    É necessário oferecer suporte social e familiar às pessoas mais isoladas.
    O médico clínico poderá indicar à família onde procurar ajuda para enfrentar o problema.

    NA VERDADE, NINGUÉM MORRE DE SUICIDIO E SIM DE ALGUMA PATOLOGIA QUE NÃO FOI TRATADA COMO A DEPRESSÃO NO CASO. PORTANTO, AO SABER DE ALGUEM QUE PENSA EM SUICIDIO ORIENTAR A BUSCAR UM PROFISIONAL PSICÓLOGO E/OU PSIQUIATRA .

     

    Por: Fernanda Lobão

    Psicóloga – CRP:20/00723

     

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