O presidente americano, Donald Trump, ameaçou o Irã neste último sábado (4) e disse que tem na mira 52 alvos do país, “alguns deles de alto nível”, e que não hesitará em atacá-los caso os iranianos atinjam algum americano. As declarações acontecem após uma nova escalada de tensões com a morte do general iraniano Qassem Soleimani, que comandava as Forças Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária, atingido por um míssil americano quando deixava o aeroporto internacional de Bagdá.
“Que sirva de alerta de que se o Irã atacar quaisquer americanos ou bens americanos, nós temos 52 locais iranianos como alvo (representando 52 reféns americanos feitos pelo Irã muitos anos atrás), alguns deles de alto nível e grande importância para o Irã e para a cultura iraniana, e esses alvos, e o próprio Irã serão atingidos muito rápido e com muita força. Os EUA não querem mais ameaças!”, escreveu.
Trump fez referência à crise dos reféns americanos no Irã, quando onde 52 americanos foram mantidos reféns por 444 dias (de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981), após um grupo de estudantes e militantes islâmicos tomar a embaixada americana em Teerã, em apoio à Revolução Iraniana.
Mais cedo, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, insistiu, em conversa telefônica com o chanceler iraniano, Mohammad Zarif, na “necessidade de desescalada” da tensão na região.
Ao longo do telefonema, “sobre os últimos acontecimentos”, Borrell destacou “a necessidade de moderação e de evitar qualquer escalada”, segundo sua conta no Twitter. Também lembrou a seu interlocutor “a importância de se preservar o acordo de Viena sobre o programa nuclear iraniano, que continua sendo crucial para a segurança do mundo”, segundo o tuíte.
Na sexta-feira, Zarif já havia conversado com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para discutir o assassinato. Segundo um comunicado do governo russo, “Lavrov expressou suas condolências pelo assassinato”.
“Os ministros enfatizaram que tais ações dos Estados Unidos violam grosseiramente as normas do direito internacional”.
A Marinha britânica, por sua vez, irá fazer a escolta dos navios com a bandeira do Reino Unido navegando pelo Estreito de Hormuz. O ministro da Defesa, Ben Wallace, disse neste sábado que ordenou que os navios de guerra HMS Montrose e HMS Defender se preparassem para escoltar todos os que navegam com uma bandeira mercante do país na região.
— O governo tomará todas as medidas necessárias para proteger nossos navios e seus cidadãos neste momento — afirmou.
Neste sábado, milhares de pessoas participaram, nas ruas da capital do Iraque, Bagdá, do cortejo fúnebre para o comandante militar. O público começou a se reunir desde as primeiras horas da manhã, agitando bandeiras iraquianas e das Forças de Mobilização Popular (FMP), coalizão de milícias xiitas iraquianas pró-Irã, gritando “morte aos EUA”.
A procissão marcou o início de três dias de luto por Soleimani, decretados na sexta-feira pelo líder supremo do Irã, Ali Khamenei. O corpo do general de 62 anos foi levado depois para as cidades iraquianas de Karbala e Najaf, locais de peregrinação dos muçulmanos xiitas. De lá, neste domingo, vai para Mashhad, no Irã, onde haverá um serviço fúnebre. O enterro, segundo a agência iraniana Tasnim, será na segunda-feira na cidade natal de Soleimani, Kerman.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras