A maior goleada no Maracanã foi em um 27 de outubro de 1956, quando o Flamengo, então tricampeão carioca, fez 12 a 2 no São Cristóvão. A equipe rubro-negra tinha uma grande equipe, contando com jogadores como Índio, Joel e Zagallo, mas o nome daquele time era o atacante Evaristo, que mais tarde viria a ser técnico, ídolo na Espanha, onde jogou por Barcelona e Real Madrid.
No primeiro gol, Evaristo invadiu a área e bateu forte. Décio bloqueou, mas a bola sobrou para Índio chutar por elevação, encobrindo Rui. Enquanto buscava a bola no fundo das redes, o arqueiro cadete mal imaginava que repetiria tantas vezes o gesto naquela tarde. No primeiro tempo, porém, o escore foi até modesto da parte do Flamengo: só aos 18 minutos as redes alvas balançariam novamente. Joel desceu pela ponta direita e centrou. Evaristo, na pequena área, arrematou de calcanhar. Aos 31, o centromédio Luís Roberto, substituto de Dequinha, apanhou uma bola espanada por Jorge e bateu de fora da área. E cinco minutos depois, Evaristo recebeu de Índio para marcar o quarto.
Com a goleada já decretada, imaginava-se que o São Cristóvão, que mais tarde descobriria o “fenômeno” Ronaldo Nazário, se fecharia na defesa durante a segunda etapa para se poupar de algo pior. Não foi, porém, o que aconteceu. A equipe alva retornou com o mesmo desprendimento defensivo e tentando se lançar ao ataque. E veio então a enxurrada de gols rubro-negros. Logo aos sete minutos, Índio foi lançado por Joel e marcou o quinto. Dois minutos depois, o próprio Joel aproveitou o rebote de Rui e fez o sexto. E aos 16, Índio anotou mais um, o sétimo, após assistência de Evaristo.
Na tentativa de salvar um pouco a honra, o São Cristóvão descontou aos 17, depois de Nonô disputar a bola com o goleiro rubro-negro Ari. E após Evaristo fazer o oitavo gol do Flamengo no minuto seguinte, descontou pela segunda vez com Neca, cobrando pênalti de Tomires em Nonô. Mas o Flamengo cavaria mais fundo: aos 32, Paulinho recebeu de Índio e lançou o centroavante na corrida para fuzilar Rui.
Desestabilizada, a defesa sancristovense conseguiu falhar até em cobrança de tiro de meta: Evaristo recolheu o chute torto de Ivan e bateu para as redes, marcando o décimo. Paulinho, aos 41, e Joel, aos 45, completariam a dúzia de tentos rubro-negros. E foi isso: com o escore de DOZE a dois a favor do Flamengo, nem houve nova saída. O lendário Mário Vianna, árbitro da partida – e ironicamente torcedor confesso do São Cristóvão – pôs ponto final num massacre que até hoje o estádio não viu igual.
Mesmo com o belo time e buscando o tetracampeonato Carioca, o Flamengo não conseguiu o intento na competição. Alguns tropeços no segundo turno fizeram com que o Rubro Negro perdesse o título para o Vasco. Já o Maracanã, depois deste dia, viu outras goleadas, até um 10 a 0, já na fase arena (da Espanha sobre o Taiti, pela Copa das Confederações de 2013), mas o 12 a 2 continua marcado na história de um dos maiores templos do futebol mundial. O Flamengo foi um verdadeiro rolo compressor!
Reportagem: Willian D’Ângelo (Portal Amazônia sem Fronteiras)