Túnel do tempo: Os 50 anos da conquista da Copa do Mundo de 1970

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A Copa do Mundo de 1970 reunia todos os cinco campeões anteriores. Três deles – Brasil, Itália e Uruguai – tinham chances de conquistar o terceiro título e, de quebra, a posse definitiva da Taça Jules Rimet. Destes, apenas a Itália, campeã europeia de 1968, era vista como favorita, ao lado de Inglaterra e Alemanha, os finalistas de 1966. Os três europeus, ao lado do México, eram os cabeças de chave do sorteio de grupo, ocorrido em 10 de janeiro de 1970.

Para copiar os ingleses, os mexicanos também criaram um mascote para a Copa. Era Juanito, um menino sorridente e que aparecia usando o tradicional sombreiro mexicano. Mas, ao contrário do leão Stanley, que cumpriu o mesmo papel quatro anos antes, o mascote mexicano não caiu no gosto do torcedor.

O fracasso em 1966 deixou cicatrizes profundas na seleção Canarinho. O time ficou quase um ano sem jogar e só voltou a campo em 1967, para disputa da extinta Copa Rio Branco – um minitorneio contra o Uruguai, em Montevidéu. Para esta competição houve troca no comando, com Vicente Feola dando lugar a Aymoré Moreira.

Antes de enfrentar os uruguaios, Aymoré Moreira preprou a equipe diante de um combinado Grêmio-Internacional, e acabou derrotado por 2 a 1. Com um time reformulado, os resultados da Copa Rio Branco não foram animadores e a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) chamou o ex-ponta Zagallo para comandar um combinado carioca contra o Chile, marcando a sua estreia na função e reabilitando Gerson, malvisto desde a Copa.

Em fevereiro do ano seguinte, a CBD chamou o jornalista João Saldanha, que tinha uma pequena experiência como técnico do Botafogo, nos anos 1950. A ideia era provocar o jornalista – um feroz crítico da seleção em seus artigos no jornal. Para surpresa da CBD, Saldanha topou. Ao assumir o cargo, em março, ele já definiu os onze titulares: Félix, Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu. Era, basicamente, o time do Santos, acrescido de Félix, Gérson, Tostão e Jairzinho.

Se no âmbito do futebol não havia problemas, fora dele a coisa era diferente. Pessoalmente, Saldanha tinha simpatia pelo Partido Comunista e antipatia pelo regime militar que governava o Brasil desde 1964. As coisas pioraram quando o general linha-dura Emilio Médice substituiu o presidente Costa e Silva, vítima de um derrame.

Médice era fã de futebol e apreciava o atacante Dario, do Atlético-MG, o mesmo que viria a se auto intitular “Dadá Maravilha”. A cúpula da CBD, para agradar o presidente, queria a presença de Dario. “Quem escala a seleção sou eu. O presidente escala o ministério”, retrucou Saldanha.

Após outras confusões, inclusive uma em que empunhando um revólver, foi tirar satisfações com Yustrich, que na época treinava o Flamengo e cobiçava abertamente o cargo de técnico da seleção, Saldanha foi “frito” e a CBD anunciou a demissão da comissão técnica no dia 17 de março, a dois meses e meio da estreia da Copa. Após tentar Dino Sani e Oto Glória, a entidade acertou com Mário Jorge Lobo Zagallo.

Com “Dadá Maravilha” convocado para a Copa, o time brasileiro teve uma passagem por Manaus e foi o primeiro país a chegar ao México. No dia 2 de maio, a delegação desembarcou no aeroporto de Guadalajara. De lá, seguiu para Irapuato, como parte do planejamento de preparação física, e só voltou um pouco antes do início do torneio.

Na primeira fase da Copa do Mundo de 1970, o Brasil venceu a Tchecoslováquia (4×1), Inglaterra (1×0) e Romênia (3×2). Depois venceu o Peru nas quartas-de-final (4×2), e o Uruguai na semifinal por 3×1.

A final contra a Itália aconteceu no dia 21 de junho, no estádio Azteca, na Cidade do México. Com gols de Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto, o Brasil venceu por 4 a 1 e conquistou o tricampeonato. Boninsegna marcou o único gol italiano.

Com o título no México, Pelé sagrou-se tricampeão mundial. Ele foi titular em 1958 e atuou em duas partidas em 1962, até se machucar. Zagallo tornou-se o primeiro, na história do futebol, a sagrar-se campeão mundial como treinador e jogador. Ele era o ponta-esquerda nas campanhas de 1958 e 1962.

Reportagem: Willian D’Ângelo (Portal Amazônia sem Fronteiras)

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