Dólar volta a ser negociado abaixo de R$ 5,30 em ajuste após disparada

Moeda norte-americana desaba 2% em sessão seguinte à marcada por temor com possível descontrole de gastos sob a gestão de Lula.

O dólar caía acentuadamente frente ao real nesta sexta-feira (11), em meio a negociações instáveis, com investidores ajustando posições depois de na véspera a moeda registrado a maior disparada desde o início da pandemia diante de temores de descontrole fiscal sob o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Às 10h40 (de Brasília), a moeda norte-americana à vista recuava 1,88%, a R$ 5,2955 na venda, após perder 2,29% na mínima do dia, a R$ 5,2730. Apesar da queda, a moeda mostrou alguma instabilidade, e chegou a subir 0,19% mais cedo, a R$ 5,407. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento da divisa caía 1,05%, a R$ 5,3165.

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, disse que a queda da moeda norte-americana nesta sessão reflete a falta de liquidez nos mercados devido a feriado nos Estados Unidos pelo Dia dos Veteranos, bem como um “ajuste técnico pontual e natural” depois de o dólar ter saltado 4,09% na véspera, a R$ 5,3968 na venda.

A disparada da véspera correspondeu ao maior ganho percentual diária desde o salto de 4,86% de 16 de março de 2020, em meio ao pânico dos mercados no início da pandemia de Covid-19, e o patamar de encerramento mais alto desde a cotação de R$ 5,54976 vista em 22 de julho passado.

“Mas perceba que foi apenas um ajuste”, ponderou Bergallo, destacando que o dólar chegou a devolver completamente as perdas neste pregão. “Então acredito que a percepção de ontem ainda esteja reverberando.”

O salto do dólar na quinta-feira refletiu amplos temores de descontrole de gasto sob Lula, que planeja uma PEC para acomodar despesas extra-teto em 2023, com possibilidade de retirada permanente do custeio do Bolsa Família das regras fiscais do país.

Agravou o sentimento a fala do presidente eleito na véspera, quando o petista voltou a criticar o mecanismo de teto de gastos e disse que ele deve ser discutido com a mesma seriedade que a questão social do país. Além disso, Lula convidou economistas associados ao PT para compor sua equipe de transição.

“Após o discurso de Lula, que questionou a importância da responsabilidade fiscal, o mercado aguarda a definição do texto final da PEC de transição”, disse a Guide Investimentos em nota a clientes.

Bergallo, da FB, disse que o desempenho do real neste pregão e na véspera poderia ter sido muito pior não fosse o tombo do dólar no mercado internacional. O índice que compara a divisa norte-americana a uma cesta de seis pares fortes recuava mais de 1% nesta manhã, depois de na quinta-feira já ter despencado cerca de 2%, ficando a caminho de marcar seu maior declínio em dois dias desde 2009.

Esse movimento foi estimulado por uma leitura de inflação mais fraca do que o esperado para outubro nos Estados Unidos, que alimentou apostas numa moderação do ritmo de aperto monetário do banco central norte-americano, o Federal Reserve.

Fonte: R7

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