O senador norte-americano John McCain, do Partido Republicano, morreu neste sábado aos 81 anos, um dia depois de anunciar que havia interrompido o tratamento que fazia contra o câncer no cérebro conhecido como gliobastoma, diagnosticado em julho de 2017. O republicano foi rival do ex-presidente Barack Obama nas eleições de 2008. Um dos mais importantes nomes da política americana, McCain, um herói da Guerra do Vietnã, estava afastado da política nos últimos meses em razão do tratamento.
McCain morreu cercado por sua família em Sedona, no Estado do Arizona. “O senador John Sydney McCain III morreu às 16h28 do dia 25 de agosto de 2018. Sua mulher Cindy e sua família estavam com o senador quando ele morreu. No momento da sua morte, tinha servido de forma fiel aos Estados Unidos da América durante 60 anos”, informou sua assessoria em comunicado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, que manteve uma relação tensa com McCain nos últimos anos, lamentou sua morte em um tuíte pouco depois de saber da notícia. “A minha mais profunda compaixão e respeito à família do senador John McCain. Nossos corações e nossas orações estão com vocês!”, escreveu Trump.
McCain morreu quatro dias antes de seu 82º aniversário. Ao explicar a decisão de interromper o tratamento, a família McCain afirmou que o senador havia superado as expectativas de sobrevivência no último ano, mas o progresso da doença e o avanço inexorável da sua idade tinham “dado seu veredicto”.
Desde que foi diagnosticado em julho de 2017 com um tipo de câncer cerebral agressivo, McCain vinha sendo tratado no seu Estado de origem (Arizona), embora continuasse durante meses no seu trabalho legislativo e em contato com sua equipe em Washington.
Filho e neto de almirantes de quatro estrelas da Marinha, ele passou mais de cinco anos como um prisioneiro de guerra no Vietnã, após ter o avião abatido em uma missão de bombardeio sobre o Vietnã do Norte, em 1967.
Uma das maiores figuras na política americana, foi eleito para a Câmara dos Deputados em 1982 e para o Senado em 1986. O senador tentou a candidatura para a presidência da república por duas vezes e foi escolhido como o candidato republicano em 2008. Após perder para Barack Obama nas eleições, McCain retornou ao Senado determinado a não ser reconhecido apenas pela campanha presidencial perdedora.
Nos seus últimos meses, McCain criticou duramente a política de Trump, repreendeu o presidente por alienar aliados dos EUA em uma cúpula internacional, rotulou a política de imigração de tolerância zero do governo como “uma afronta à decência do povo americano” e denunciou a cúpula de Trump e Vladimir Putin em Helsinque como um “erro trágico”, em que o presidente colocou “uma das mais vergonhosas performances de um presidente americano na memória”.
Um dos episódios mais tensos entre ambos aconteceu com a tentativa de derrubar a reforma da saúde impulsionada por Obama, quando McCain votou contra os esforços republicanos, promovidos por Trump, para acabar com ela sem apresentar nenhum projeto para substituí-la.
Adversários
O ex-presidente Obama emitiu um comunicado para homenagear o ex-adversário que, segundo ele, apesar das diferenças, compartilhavam uma “fidelidade com algo maior: os ideais pelos quais gerações de americanos e imigrantes lutaram, marcharam e sacrificaram”. “Víamos nossas batalhas políticas até mesmo como um privilégio, algo nobre, uma oportunidade de servir como administradores desses altos ideais em casa e promovê-los ao redor do mundo”, escreveu Obama.
O ex-presidente George W. Bush, que teve uma disputa interna no Partido Republicano pela vaga na corrida presidencial de 2000, também se manifestou, se referindo ao senador como um “homem de profundas convicções e um patriota da mais alta ordem. “Um amigo que eu sentirei profundamente a falta”, escreveu.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras