A música é capaz de mexer com as nossas emoções; nos deixa mais alegres, introspectivos ou traz memórias de alguém. Todo esse poder tem ajudado muita gente por meio da musicoterapia, que consiste na utilização de elementos musicais (ritmo, melodia e harmonia) de maneira terapêutica.
“O objetivo é promover a melhora de fatores como comunicação, expressão, relacionamento, aprendizado, organização e o desenvolvimento de potenciais ou restabelecimento de funções prejudicadas”, detalha a musicoterapeuta Carolina Ferreira (SP). Tais benefícios se tornam possíveis graças ao acionamento de diversas áreas cerebrais, estimuladas por meio da prática musicoterapêuta.
BEM-ESTAR NO TRABALHO
No ambiente empresarial a música também pode ser um recurso importante para melhorar a qualidade de vida dos funcionários, sendo utilizada até mesmo em processos de recrutamento e seleção. “O musicoterapeuta reconhece o perfil dos colaboradores e, a partir daí, promove ações como palestras, práticas e vivências”, aponta Carolina Ferreira.
O psiquiatra Sérgio Lima acredita no método como um veículo de mudança e estímulo à socialização no ambiente de trabalho. “A idéia de organizar um sarau entre funcionários por exemplo, possibilita essa interação, estimula a criatividade e permite até mesmo a descoberta de talentos escondidos”.
ALZHEIMER: CANÇÕES E MEMÓRIA
A partir de pesquisas sobre os efeitos da música em portadores da doença de Alzheimer, a musicoterapia passou a ser recomendada por profissionais da saúde, que têm obtido resultados cada vez mais positivos no tratamento. O professor Petr Janata, neurocientista da Universidade da Califórnia (EUA), é um dos principais pesquisadores do assunto. Ele descobriu que a região do cérebro ligada à memória musical, o córtex pré-frontal, é uma das últimas áreas a atrofiar à medida que a doença progride. Isso explica por que o paciente consegue se lembrar de antigas canções que costuma ouvir, mas não identifica os dias da semana ou o nome da rua em que vive.
Segundo o estudioso, a combinação entre contato musical e diálogo pode estimular e melhorar as habilidades cognitivas de quem tem a doença. Isso porque a música envolve uma grande variedade de funções, como audição, linguagem e movimento, por exemplo.
TERAPIA
Segundo estudos desenvolvidos, a terapia é recomendada para todos, da gestante ao idoso, podendo ser utilizada como recurso de prevenção, reabilitação e tratamento. Ela é indicada também em casos como síndrome de Down, autismo, paralisia cerebral, lesões medulares, acidente vascular cerebral (AVC), esclerose, coma, entre outros.
UM POUCO DE HISTÓRIA
NA GRÉCIA ANTIGA: Os primeiros filósofos, como Platão e Aristóteles, já reconheciam a importância da música para a saúde do corpo e também da mente.
NO SURGIMENTO DE RELIGIÕES: Quando as religiões surgiram, como o catolicismo, a música estava presente como elemento fundamental para alcançar um estado de paz e alívio das dores físicas e espirituais. Através dos séculos, a estética musical foi se aprimorando e a medicina, avançando, ambas aparecendo ligadas em diversos momentos da história.
NA IDADE CONTEMPORÂNEA:
O primeiro movimento em relação à oficialização da musicoterapia como área de conhecimento aconteceu na década de 1940. Profissionais se reuniram em Michigan (EUA) para estudar o tema e propuseram o Primeiro Plano de Estudos sobre efeitos Terapêuticos da Música. Uma das motivações foi o uso de canções e melodias no tratamento de soldados durante a Segunda Guerra Mundial, que gerou resultados positivos na sua recuperação.
Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras