Indígena de 100 anos oficializa matrimônio em casamento coletivo no interior do Amazonas

Foto: Divulgação
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Os indígenas Nicanor Tamaia, de 100 anos, e Maria Coelho, de 58, da etnia Tikuna, formam um dos 303 casais que oficializaram o matrimônio, nesta terça-feira (11), durante a primeira cerimônia do casamento coletivo indígena que ocorre esta semana em Benjamin Constant. Até a próxima quinta-feira, 806 uniões serão celebradas em quatro cerimônias organizadas pela Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), a Prefeitura de Benjamin Constant e o Governo do Estado.

Nicanor e Maria estão juntos há 38 anos e são moradores da comunidade Filadélfia, palco da cerimônia que abriu o casamento coletivo no município a 1.118 km de Manaus. Ao longo da relação, o casal tentou realizar o casamento civil, mas sem êxito. “A moça que trabalhava lá no cartório disse que não podia porque meu marido era muito velho”, lembrou a noiva, antes da cerimônia desta terça-feira.

Ainda durante a coleta de documentos para o casamento coletivo, em 2019, a equipe da Defensoria Pública explicou ao casal que, apesar do que foi dito a eles, era possível sim que eles se casassem. “O Código Civil prevê que os casamentos para pessoas acima dos 70 anos de idade ocorram com regime de separação de bens. Na visita à comunidade, informamos isso ao casal, que ficou muito empolgado com a possibilidade de se casar”, contou a defensora pública Juliana Lopes.

Na cerimônia de hoje, além de formalizar o próprio matrimônio, Maria e Nicanor também puderam ver dois netos e uma neta oficializarem o casamento. “Muito feliz”, resumiu Maria.

Casamentos continuam

De forma gratuita e com celebrações que respeitam as tradições indígenas, os casais foram divididos para quatro cerimônias, que acontecem nas comunidades Filadélfia, Feijoal, Guanabara 3 e São Leopoldo.

“Isso mostra que dá pra fazer muita coisa pela população do nosso estado se todos nós nos unirmos. Os indígenas querem oficializar uniões feitas quando eles ainda eram crianças, dentro da tradição, querem que isso seja uma segurança para o caso de uma morte, acesso à benefícios e o mais importante: eles querem acessar educação e saúde especializada pra eles”, afirma o defensor geral do Amazonas, Rafael Barbosa.

“A formalização do casamento dá a eles uma aproximação a esses benefícios e direitos almejados. O casamento é um passo coordenado dos indígenas para buscar coisas maiores. O casamento foi uma forma de dizer que eles estão aqui e vão exigir seus direitos”, complementa.

Reportagem: Redação Amazônia sem Fronteiras

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