A enfermeira do Hospital e Pronto-Socorro (HPS) da Zona Norte, Mariane de Souza Abreu, irá para a cidade de Cali, na Colômbia, para participar do Congresso Colombo X Brasileiro, que será realizado entre os dias 7 e 10 de novembro. A enfermeira fará uma defesa oral de um estudo elaborado no HPS da Zona Norte que revelou que 64% dos pacientes que procuraram atendimento de urgência não tinham perfil para serem atendidas em pronto-socorro. Esses pacientes deveriam ter buscado atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Mariane é doutoranda em saúde pública na Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES), em Buenos Aires, Argentina, e o tema do congresso na Colômbia, no qual apresentará um relato de experiência sobre o HPS da Zona Norte, será “Experiências exitosas para gestão da saúde pública”. O HPS Zona Norte é uma unidade do Governo do Amazonas vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e administrada pela Organização Social Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed).
Protocolo Manchester – O relato de experiência é sobre o protocolo de Manchester, sistema que classifica os pacientes por cores, após uma triagem, baseada nos sintomas, de forma a priorizar o atendimento pela classificação de risco do paciente. Cada cor representa o grau de gravidade do paciente e o tempo de espera recomendado para atendimento.
Aos doentes com patologias mais graves é atribuída a cor vermelha e o atendimento é imediato; os casos muito urgentes recebem a cor laranja, com um tempo de espera recomendado de dez minutos; os casos urgentes, com a cor amarela, têm um tempo de espera recomendado de 60 minutos. Os doentes que recebem a cor verde e azul são casos de menor gravidade (pouco ou não urgentes) e podem ser atendidos entre duas e quatro horas.
Os pacientes verdes e azuis são orientados a procurar as UBSs, mas, muitas vezes, fazem a opção de aguardar o tempo previsto porque no HPS da Zona Norte o atendimento é para todos. “Os pacientes acreditam que na urgência conseguirão um atendimento mais rápido do que se forem a uma UBS”, explicou a enfermeira. “Como os prontos-socorros priorizam o atendimento aos pacientes em risco eminente de morte, os pacientes pouco ou não urgentes (verdes e azuis) aguardam enquanto os doentes mais graves são atendidos”, completou.
O pronto-socorro é destinado a pacientes em extrema urgência, com sintomas como pressão alta, glicemia alterada e vítimas de acidentes, dentre outros. Já a UBS é o local adequado para os que precisam de encaminhamento para alguma especialidade e em casos de menor gravidade, como gripe com mais de uma semana ou tosse há mais de um mês.
O levantamento levou em conta os atendimentos no pronto-socorro do HPS da Zona Norte nos últimos seis meses quando 128 mil pacientes foram classificados segundo o protocolo de Manchester. “O trabalho foi submetido para análise dos organizadores do congresso e foi aprovado para ser apresentado no dia 10”, disse a enfermeira.
Mariane conta que a classificação de acordo com o protocolo de Manchester é um procedimento que vem dando certo nas unidades de saúde, em especial nas unidades do Amazonas. “Minha intenção é seguir com esse estudo no doutorado com objetivo de avaliar a eficiência ou não do protocolo Manchester como ferramenta de classificação de risco uma vez que existem outros protocolos para essa mesma finalidade”, disse.
Classificação de Risco – De acordo com a gerente de Urgência e Emergência da Susam, Claudia Teixeira, a premissa do acolhimento com classificação de risco tem sido buscada em toda a Rede de Urgência e Emergência (RUE) do Estado. Mas também é fundamental que a população tenha pleno conhecimento desse conceito. “Isso garante não apenas a organização da rede de atenção como é fundamental para salvar a vida de quem chega em estado crítico no pronto-socorro”, afirma.
Diante da situação de superlotação dos prontos-socorros, Claudia Teixeira, que assumiu o comando da rede de urgência e emergência há cerca de um mês, junto com a nova gestão da Susam, afirma que a população também precisa, cada vez mais, tomar consciência de onde pode buscar atendimento e só procurar o pronto-socorro quando for realmente necessário.
“A UBS é a porta de entrada para quem não está passando mal. A rede de SPAs possui infraestrutura para o atendimento de urgências e emergências de baixa complexidade, como mal estar súbito, pequenos ferimentos e cefaleia (dor de cabeça). Somente os casos mais graves, devem ser encaminhados aos prontos-socorros”, diz Claudia.
Reportagem: Redação Amazônia Sem Fronteiras